De produto usado pelo mundo ocidental principalmente para a produção de ração na alimentação de frangos, suínos e peixes, sendo, posteriormente, incorporada à dieta humana por seus benefícios à saúde, a soja e seus subprodutos tenderão a expandir sua utilização nos próximos anos. No momento, a aplicação mais discutida da oleaginosa é como biodiesel, mas a tendência é que o caminho passe por novos setores da economia.
Essa foi a tônica da palestra de Steven Rumsey na conferência “Produtos de Soja: Desafios e Oportunidades”, proferida na manhã de hoje (21/05) dentro do V Congresso Brasileiro de Soja (CBSOJA) e do Mercosoja 2009. Rumsey é mestre e doutor pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque (EUA), e já trabalhou na área de nutrição, com ênfase em dietas para diabéticos e obesos. Atualmente, ele é coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Bunge no Brasil.
Segundo Rumsey, novos produtos à base de soja, seja a partir do próprio grão, seja do óleo extraído dele, estão rapidamente ganhando popularidade. Tratam-se de produtos industriais alternativos com apelo à sustentabilidade e ao meio ambiente por se constituírem muitas vezes em substitutos de recursos naturais não renováveis, como por exemplo o petróleo.
Rumsey citou que, da parte da indústria que lida com derivados da soja não comestíveis, existem hoje três ramos. O primeiro deles é aquele da fabricação de produtos intermediários, geralmente, substâncias químicas, empregadas pelo setor terciário nos processos industriais de produção, como compostos emulsificantes para aplicações diversas.
Outro ramo é o de produtos industriais como solventes, fluídos, tintas e lubrificantes. Por fim, há aqueles destinados mais ao consumidor, como o biodiesel e uma gama de cosméticos e de produtos de higiene e limpeza.
Rumsey destacou que as aplicações mais recentes do óleo de soja estão só no início. “Apenas 5% do óleo de soja é utilizado para esses tipos de destinação, os 95% restantes são ainda empregados para produtos relacionados à alimentação humana”, afirmou. No entanto, ele disse que, no último ano, foram lançados 59 novos produtos a partir desses novos usos da soja.
Sobre os novos rumos da soja, Rumsey contou que os Estados Unidos exportavam boa parte do óleo de soja produzido para ser transformado por indústrias na Europa. Contudo, nos últimos cinco anos, houve uma mudança do perfil das pesquisas para que o país passasse também a processá-lo. “Foi criado um fundo, o qual os sojicultores americanos contribuem com um percentual da produção e que arrecadou cerca de U$ 20 milhões de dólares, montante destinado para o incentivo à investigação científica em usos não alimentares da soja”.