Redação (20/01/2009)- O milho e a soja fecharam a semana em alta de quase 7% devido a especulações de que a demanda por estoques nos Estados Unidos vai melhorar, já que 11 semanas de clima seco estão reduzindo a produção na Argentina e no Brasil, os dois maiores exportadores desses produtos depois dos Estados Unidos.
A Argentina pode registrar 13 milímetros de chuva amanhã, mas o clima quente e seco deve retornar e permanecer pelos próximos 10 dias, disse Allen Motew, diretor de meteorologia do QT Information Systems de Chicago. As temperaturas acima da média e o clima mais seco podem persistir até abril, disse ele. O jornal O Clarín, sediado em Buenos Aires informou que o país planeja ajudar agricultores afetados pela seca.
"O clima continua a ser um fator determinante, e a expectativa é de safras menores na Argentina e também no Brasil", disse Greg Grow, diretor de agronegócios da Archer Financial Services em Chicago. O governo argentino prevê uma redução de até 50% nas exportações de milho em 2009. No ano passado foram exportadas de lá cerca de 15 milhões de toneladas.
Os índices futuros do milho para entrega em março subiram 25,75 centavos de dólar, ou 6,7%, para US$ 3,91 o bushel no Chicago Board of Trade. O contrato, que é o mais ativo da CBOT, acumulou baixa de 8% na semana passada, depois da previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) elevando as reservas globais. A projeção fez com que o bushel do milho tivesse uma queda no dia 14 deste mês de US$ 3,58, a maior em quatro semanas. Até a última quinta-feira, o preço havia caído 54% de recordes US$ 7,9925 em junho.
Os contratos para entrega do cereal em maio tiveram uma valorização um pouco menor, 25,50 centavos de dólar o bushel negociado, mas a cotação ultrapassou a barreira dos US$ 4, terminando a semana cotado a US$ 4,0175.
Soja- Os índices futuros da soja para entrega em março subiram 25,75 centavos de dólar, ou 6,8%, para US$ 10,12 o bushel em Chicago. Os índices futuros mais ativos caíram para US$ 7,7625, maior queda em 18 meses no dia 5 de dezembro, uma queda de 53% de recordes US$ 16,3675 no dia 3 de julho. O bushel do trigo para entrega em maio também fechou a semana valorizado com alta de 1,6% na sexta-feira. A tonelada curta do farelo de soja seguiu a tendência e também registrou alta de 3,5%.
Depois de um ano inteiro de apatia, a comercialização de soja começou a ser retomada nas regiões produtoras do País. As perdas de safra na América do Sul alavancaram as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT) mesmo em dia de alta no dólar e o resultado foi uma guinada dos preços da saca na última semana e a volta do ânimo em negociar. "As duas pontas, produtor e comprador, voltaram a se entender. Tem-se visto apetite grande das empresas em comprar soja porque estão pouco tomadas e do produtor querendo vender para iniciar a safra com alguma posição vendida", explica Eduardo Godoi, da AgRural.
Os preços da saca do grão em Mato Grosso (Sorriso) que vinham do patamar de R$ 37 há um mês, reagiram fortemente na última semana, e fecharam em R$ 40 para entrega até 15 de fevereiro. O valor atual está até mais alto do que os R$ 38 negociados em 15 de janeiro do ano passado. O valor é reduzido de R$ 1 a R$ 1,50 por saca, na medida em que a entrega é negociada para os meses seguintes, conforme explica Argino Bedin, presidente da cooperativa Agroindustrial Celeiros do Norte (Coacen), em Sorriso.
Godoi, da AgRural, diz que ainda não foi medido o percentual de avançou a comercialização do grão no Estado. Mas até dezembro, o desempenho estava em 30% para Mato Grosso, muito abaixo dos 69% de igual período de 2007.
Mas, Bedin, da Coacen, acredita que em Sorriso, maior produtor de soja do estado, esse percentual deve atingir de 40% a 50%, até o final de janeiro, ante os 10% até o final de dezembro. "É a primeira vez nesta safra que o preço atinge R$ 40. Em dezembro, os poucos negócios fechados ficaram entre R$ 32 e R$ 35. Essas cotações estão motivando muitos negócios. Os produtores estão vendendo a soja e já comprando fertilizante e defensivo", conta Bedin. Somente a Coacen adquiriu na semana passada 62 mil toneladas de adubo ao preço entre R$ 850 e R$ 900 por tonelada, valor que no ano passado, foi entre R$ 1,2 mil e R$ 1,3 mil.
No geral, explica Godoi, os preços atuais para Sorriso remuneram os custos fixos e os variáveis, mas ainda deixa a situação mais apertada para os produtores que têm compromissos em dólar. "Essa situação também varia de acordo com o preço pago pelo fertilizante no ano passado", complementa Bedin, da Coacen.
Em Goiás os preços também reagiram e ajudaram a retomar os negócios, até então parados. Segundo a AgRural, a saca foi negociada a R$ 46 na última semana em Rio Verde, ante os R$ 41 que vigoraram na maior parte do mês de dezembro. Alécio Marostica, presidente da Comissão de Grãos e Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), diz que a comercialização avançou em algumas regiões, e que o percentual da safra negociada, que estava em 20% até a primeira semana de janeiro, deve ter avançado 5 pontos percentuais nos últimos dias.
"Até uns dias atrás, ninguém falava em contrato de soja. Na última semana, a comercialização deslanchou, mas não está havendo adiantamento de recurso. As tradings só liberam dinheiro com o físico na mão", pondera. Marostica afirma que, apesar de a venda ter aumentado, os produtores procuram não ir com muita sede ao pote. "As perdas no Sul do País são maiores do que se anuncia. Por isso, os preços podem reagir mais".