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Disputa pela Copebrás

<p>Misturadoras de adubos pretendem participar da disputa pela Copebrás. Associadas da AMA-Brasil estudam criação de holding para apresentar proposta.</p>

A cobiçada Copebrás ganhou mais um interessado na aquisição de seus ativos. Um grupo de empresas encabeçado pela Associação dos Misturadores de Adubos (AMA-Brasil) decidiu entrar na disputa pela compra da Copebrás, colocada à venda pelo grupo sul-africana Anglo American. Pelo menos 25 das 70 empresas que formam a entidade já deram o sinal verde para que se inicie o processo de análise de ativos para entrar na briga, que já conta com pelo menos duas gigantes do segmento. Vale e Fosfertil também já demonstraram interesse pela Copebrás.

A ideia para viabilizar o negócio é a criação de uma holding controlada pelas companhias interessadas. Com isso, a holding faria toda a análise de preços e ativos e montaria a estrutura financeira capaz de levantar os recursos necessários para aquisição. De acordo com George Wagner Bonifácio de Souza, presidente da AMA-Brasil, os recursos seriam originados a partir de parceiros do exterior e financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Estimativas do mercado calculam que a venda da Copebrás deverá custar entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,5 bilhão.

“A AMA tem analisado alternativas de abastecimento no Brasil e no exterior. Como as associadas já compram muito da Copebrás e existe uma perspectiva de aumento da demanda por fertilizantes, enxergamos uma possibilidade de negócios”, disse Souza ao Valor. Segundo o executivo, uma vantagem que a associação tem em relação a seus principais concorrentes é o fato de já existir uma grande sinergia entre a Copebrás e os associados. “As empresas já compram 70% da oferta da Copebrás”, disse o dirigente.

Politicamente, a proposta de compra da Copebrás por um grupo de associados da AMA-Brasil segue a linha defendida pelo governo de evitar a concentração no segmento de fertilizantes. A empresa em disputa é a segunda maior fabricante de matérias-primas para a produção de fertilizantes. No primeiro lugar do ranking está a Fosfertil, que é controlada pela holding Fertifos, que tem entre seus maiores acionistas as americanas Bunge e Mosaic e a norueguesa Yara. “O governo tem sinalizado que pode incentivar uma aquisição para evitar uma concentração ainda maior do segmento”, disse Souza.

Apesar do interesse dos associados da AMA-Brasil, o projeto está em fase embrionária e é visto por alguns analistas de difícil implementação. Além de as empresas ainda não terem feito qualquer tipo de contato oficial com a Copebrás, ainda não houve nenhum tipo de conversa com o BNDES. Pesa contra ainda o fato de as empresas serem de porte pequeno e não terem experiência no processo de extração.

O aspecto financeiro também é limitante. A exploração mineral requer altos investimentos, recursos esses que talvez empresas de pequeno porte não tenham, sem contar o capital para aquisição. “Se todos os associados da AMA venderem seus ativos é provável que não chegue ao valor estimado para a Copebrás. Mas o Brasil tem despertado a atenção de investidores estrangeiros e se os misturadores conseguirem um parceiro externo não é impossível que o negócio saia”, disse uma fonte do setor.