Avicultura é uma opção de renda em propriedades de pequeno e médio portes por ter mercado garantido junto às agroindústrias, no sistema de integração ou parceria, sendo alternativa à diversificação da produção em áreas nas quais estão instalados os aviários. No norte do Estado do Paraná, região em que atuo, são milhares de produtores espalhados em centenas de municípios, buscando na expansão avícola uma forma de promover a tão almejada diversificação na fonte de renda rural. Vários outros municípios têm nos procurado por vislumbrarem retorno econômico ao produtor e às comunidades, através do aumento de arrecadação. O adubo orgânico produzido no aviário pode garantir a fertilidade do solo de forma que o produtor desenvolva vários tipos de culturas e aumente a renda da propriedade.
Observo essa cena rural regional já há vários anos, tendo convicção de que a melhoria da qualidade de vida no campo passa pela mudança da mentalidade do agricultor. Eles precisam demonstrar interesse em experimentar novas fontes de rendimento com prefeituras incentivando a expansão da avicultura, garantindo equipamentos para a terraplanagem nas áreas para a construção de aviários (barracões) e mantendo em boas condições de tráfego a malha viária rural. Mais adiante, caso o produtor decida diversificar, investindo em horticultura, entra a estrutura da Ceasa (Centrais de Abastecimento) para garantir mercado e preços compatíveis, sendo, também, um projeto social em razão de segurar o homem no campo em melhores condições que em áreas urbanas.
Há estudos de outras maneiras de incentivar investimentos na criação de frango, exatamente para buscar melhorar o rendimento das propriedades. As melhores opções para a diversificação são a fruticultura e a olericultura, ocupando pequenas áreas, sendo, também, rentáveis. A agroindústria, a partir da criação de frangos, já e uma boa opção e fazendo contas com o exemplo do município Umuarama (PR), que produz cerca de 6 milhões de frangos por ano, se tratando de uma atividade desenvolvida em parceria (integração de produtores com empresas), o produtor recebe mais de R$ 0,30 por frango produzido. Com a produção estimada, a avicultura gera uma receita bruta de R$ 25 milhões por ano no município. Um aviário criando 30 mil frangos por lote (período de 40 a 45 dias), ou 180 mil no ano, vai render ao criador R$ 54 mil brutos no espaço de 12 meses, representando uma renda bruta de R$ 4,5 mil por mês.
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Uma propriedade agrícola de 34 hectares (14 alqueires), que é a média da maioria das áreas no município de Umuarama, com dois exemplos de diversificação nessa área, um aviário criando 30 mil frangos produz 300 toneladas de cama do aviário por ano para adubar 20 hectares. Em 10 hectares adubados, o produtor plantará 300 mil pés de abacaxi, que produzirão, em 18 meses, 250 mil frutos vendidos a R$ 0,80 cada, gerando uma renda bruta de R$ 200 mil – com custo de R$ 80 mil para alcançar os R$ 200 mil -, restando-lhe R$ 120 mil. Esse valor, dividido por 18 meses, representará R$ 6 mil de rendimento líquido em 10 hectares/mês. Em outros 10 hectares, com o adubo orgânico do aviário, o produtor produzirá milho verde, obtendo 2.500 dúzias/hectare, ou 25 mil dúzias em toda a área, considerando que poderá ter duas safras anuais na mesma área, irá produzir 50 mil dúzias anuais que, vendidas ao preço médio de R$ 1,50, renderá R$ 75 mil bruto/ano. Exemplos provam que a teoria está correta, mas outras culturas, também, podem ser exploradas. Produzindo milho verde, abacaxi e frangos, uma propriedade de 34 hectares gerara uma renda bruta de R$ 21,7 mil/mês, menos despesas, incluindo mão-de-obra, a área garantirá ao proprietário rendimento mensal de R$ 13 mil. É um valor significativo, e esse conceito de empreendedorismo rural deve ter o apoio da avicultura para dar sustentação a bons criadores no futuro.
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola.
