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Cargill e Dreyfus em Santos

<p>Consórcio das multinacionais, com o ágio de R$ 221 milhões, vai explorar terminal na margem esquerda do porto paulista.</p>

O consórcio formado pelas multinacionais Cargill e Dreyfus, com o ágio de R$ 221 milhões, vai explorar o terminal de 48 mil m2 na margem esquerda do porto de Santos, destinado ao embarque de granéis vegetais sólidos, preferencialmente soja, em grão e farelada, e milho. Esse valor representa acréscimo de 230% ao mínimo exigido pela Codesp, de R$ 67 milhões, para entregar a área ao setor privado. Explorada unicamente pela Cargill durante 23 anos, o local representa uma das raras oportunidades para o desenvolvimento de logística diretamente ligada à água na região de Santos, cidade supervalorizada nos últimos anos pelo aumento do comercio exterior brasileiro e agora pelo potencial das operações do pré-sal.

Apesar dos mais de 30 editais vendidos pela Codesp, concorreram apenas quatro grandes grupos, todos com valores bem aquém do vencedor. O segundo postulante, o grupo suíço Volcafé, ofereceu R$ 98,3 milhões; o inglês Wilson, Sons Logística fez proposta de R$ 65 milhões; e Noble Brasil, com raízes na Ásia, R$ 63,8 milhões.

O projeto técnico da proposta vencedora, de 190 páginas, ficará à disposição dos concorrentes por cinco dias para eventuais tentativas de impugnação, caso encontrem alguma irregularidade no processo. O diretor Carlos Koppitke, da Codesp, acredita que, vencida essa etapa e a da habilitação, o contrato seja assinado ainda este ano. No total, Cargill e Dreyfus vão aportar aos cofres da Codesp cerca de R$ 288 milhões, dos quais os R$ 221 milhões serão à vista. O valor é o equivalente a cerca de 80% das receitas operacionais da estatal em um ano normal de atividades.

A união dos dois grupos, que atuam em commodities agrícolas mundialmente, faz parte da estratégia de consolidação e expansão das atividades no porto de Santos. Com um contrato de 25 anos, renovável por mais 25 anos, a Cargill retira qualquer desconfiança que poderia existir entre os clientes de continuar onde está, ao lado de outra área, de mais de 70 mil m2, explorada pelo Terminal de Exportação de Açúcar de Guarujá (Teag). As duas empresas participam do terminal de açúcar. Na composição acionária do Teag estão Cargill, Cristalsev, Hipercon e Plínio Nortari. A Dreyfus participa do Teag desde a aquisição da usina Santa Elisa Vale, principal acionista da Cristalsev. Ainda em Santos, a Dreyfus atua em um pool no corredor de exportação de granéis sólidos (soja e farelo), ao mesmo tempo em que iniciou a exportação de sucos cítricos concentrados e não-concentrados em outro terminal.

Para José Luiz Glaiser, diretor da Cargill, a possibilidade de continuar a explorar a área já dá a perspectiva de conseguir um recorde de embarques em 2010. “Queremos chegar a quatro milhões de toneladas de grãos”, diz o executivo. A melhor performance anterior foi em 2007, com 3,8 milhões de toneladas. “O preço que colocamos embute uma visão de futuro. Foi também a maneira de nos posicionarmos ante a concorrência, queríamos evitar surpresas”, assegura.

A possibilidade de uma futura junção com a área vizinha, do Teag, não é descartada por Glaiser, apesar da diferença nos prazos de vigência dos contratos de arrendamento das duas áreas. Em 2016 será concluído o prazo de 10 anos do contrato do Teag, que poderá ser renovado por mais dez. O terminal leiloado ontem tem contrato de 25 anos. “Faz mais sentido trabalharmos juntos do que separados.”

A atual sinergia entre os terminais de Cargill e do Teag deverá sofrer alguma alteração com o novo arrendamento. O edital do processo determina que o vencedor faça obras que levem à independência operacional da área, com estimativa de custo de R$ 13 milhões. Durante essas obras, o terminal licitado sofrerá interrupção em suas operações.

Entre os argumentos destacados para a valorização da área licitada, segundo Carlos Kopittke, da Codesp, estão o fato de ser um terminal privativo, facilidades de acesso rodoviário e ferroviário e a proximidade de aumento do calado do porto, que deverá passar para a média de 15 metros, ante os 12 metros atuais. “Esperávamos, sim, grande disputa pela área, dada a expectativa de crescimento das operações do porto”, afirmou.

O consórcio vencedor, em razão dos investimentos imediatos que terá de fazer na área, ficará com um ano de carência para apresentar os resultados previamente exigidos pela Codesp. No segundo ano do contrato a movimentação mínima será de 1,25 milhão de toneladas, volume que cresce até o décimo quinto ano, com 3 milhões de toneladas, estabilizando-se em seguida. Por essa cláusula, mesmo que o terminal não consiga cumprir o estipulado terá de pagar à Codesp o correspondente ao volume acertado. As metas do consórcio são bem superiores.