O impacto das drogas veterinárias na indústria de alimentos é um tema que nunca sai de moda, uma vez que a segurança de um produto é a chave para o sucesso comercial do mesmo. Tal pensamento reflete especialmente na indústria de carnes [como a suína, bovina e de frango]. Para Donizeti Cesari, gerente da Garantia de Qualidade da Nestlé, atualmente, para atender a demanda a custos competitivos, os produtores já fazem o manejo dos animais com uso de melhoria genética, mas também com drogas para controlar e prevenir doenças do rebanho.
“As drogas vieram para auxiliar a produção de alimentos atendendo a demanda mundial que não pára de crescer”, explica Cesari. “Entretanto, estes medicamentos, mesmos sendo aprovados para esta finalidade, quando não administradas e tratadas de acordo com as Boas Práticas de Aplicação recomendadas, de uma forma ou de outra, passam a fazer parte da composição dos alimentos fornecidos por esses animais, sejam na carne, ovo ou no leite”, argumenta.
Para o especialista da Nestlé, o controle destes resíduos de medicamentos nos produtos destinados a alimentação humana é fundamental, uma vez que o consumidor está mais consciente de seus direitos e não admite que possa estar consumindo um alimento onde podem estar presentes drogas que não deveriam fazer parte de sua composição, mesmo que estas estejam dentro de limites seguros. “O impacto negativo de um produto contaminado comercializado por uma empresa pode resultar em consequências drásticas, como a extinção de uma marca ou até mesmo da indústria”, pontua Cesari. Para ele, para derrubar mais barreiras de exportação, crescer no mercado interno e manter a confiança do consumidor, é necessário investir em tecnologia, treinamento e capacitação de funcionários, utilizar-se de todas as ações de BPF [Boas Práticas de Fabricação] e rastrear a origem da matéria prima que será utilizada no processamento do alimento comercializado. “A Garantia da Qualidade traz maiores benefícios que Controle de Qualidade”, afirma.
Antimicrobianos- Uma das drogas mais utilizadas na produção de alimentos, em especial, carnes, é conhecida como antimicrobiano. O gerente de marketing da Elanco, Fábio Carvalho de Mello, afirma que este tipo de medicação não deve ser confundido com hormônio. “O antimicrobiano é um promotor de crescimento, mas não é um hormônio. Não existem hormônios nas criações de animais no Brasil”, afirma.
Mello explica que o Mapa autoriza o uso de antimicrobianos para fim terapêutico, metafilático, preventivo, promotor de crescimento e erradicação de doenças.”Porém, é necessário fazer o controle de resíduos deixados, uma vez que existem limites máximos [e diferentes] estabelecidos por diversos países”, salienta. “É importante que o profissional de controle de infecção esteja consciente do problema e participe da discussão e das estratégias para estimular o uso racional de antimicrobianos também em animais, plantas e peixes”.
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Donizeti Cesari e Fabio Mello participaram da Conferência Internacional “Microbiologia e Drogas Veterinárias em um contexto global”, organizada pela Eurofins entre os dias 28 e 29 de outubro, em Indaiatuba (SP).