O produtor de soja deverá ter em 2010 uma rentabilidade mais apertada em comparação com as duas safras anteriores. Apesar da queda do custo com insumos e do horizonte positivo para o clima, as cotações tendem a ser inferiores ao patamar atual devido à estimativa de crescimento do volume colhido nos Estados Unidos e na América do Sul.
Depois de atingir em junho o pico com preço médio de US$ 12 o bushel (27,21 quilos), os preços iniciaram uma trajetória de queda. Desde a semana passada, oscilaram entre US$ 9 e US$ 9,5 e análises pessimistas cogitam até o bushel despencando para US$ 6.
“O cenário é de margens mais justas, mas positivas. É preciso acompanhar o mercado e administrar bem os custos sem diminuir tecnologia, porque produtividade será fundamental”, diz o analista Flávio França Junior, da consultoria Safras & Mercado.
Segundo França, alguns fatores podem segurar a pressão da oferta. Entre eles a China, caso sinalize para 2010 importações superiores às 40 milhões de toneladas que deve adquirir este ano, e a renovação do apetite de fundos por contratos. França não vê razão para bushel a US$ 6, mas crê que os preços ficarão abaixo dos atuais.
Para Adelson Gasparin, da Terra Corretora de Grãos, um agravamento da tensão entre EUA e China devido à barreira norte-americana aos pneus do gigante asiático poderia beneficiar a soja brasileira e forçar uma reação. De qualquer forma, descarta uma queda a US$ 6 e prevê um piso de US$ 8.
Irmfried Schmiedt, gerente comercial da Cotrijal, de Não-Me-Toque (RS), projeta preços no próximo ano 10% inferiores aos pago hoje na região, em torno de R$ 42,50 a saca (60 quilos). Schmiedt calcula a necessidade de uma produtividade de 50 sacas por hectare, rendimento acima deste ano, para o agricultor permanecer no azul. Para isso contam com o clima e custos até 15% inferiores à safra passada.