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Comentário Avícola

Avicultura branca

<p>Infelizmente, o consumidor brasileiro ainda não conhece o potencial genético, as tecnologias de bem-estar e a qualidade da ração fornecida aos nossos frangos de corte. Por Valter Bampi.</p>

Parte da população encara a produção de frango industrial no Brasil com a mesma desconfiança que lança sobre aqueles homens ultramusculosos que, para criar músculos torneados em pouco tempo, contam com a ajuda de hormônios sintéticos e outras drogas. Em rodinhas, dessas onde se palpita de tudo – da escalação ideal da seleção do técnico Dunga a cassação do senador José Sarney -, se o assunto é frango a opinião é: “não há dúvida que ele cresce rápido por causa do uso de hormônios e antibióticos na sua alimentação”. Imagine. Qual seria outra explicação para isso? A explicação real se fundamenta em manejo ou bem-estar animal, seleção genética, nutrição adequada e controle preventivo da saúde dessas aves.

Como médico veterinário, trabalhando por quase três décadas na avicultura industrial, recebo comentários desconfiados, como se estivesse defendendo o PHAA – Programa Hormonal e de Antibióticos na Avicultura. Há muita dificuldade de aceitação à versão verdadeira (avicultura industrial brasileira não usa hormônios), pois é mais fácil acreditar em avanços só se forem adotados métodos inescrupulosos. Uma mágica, quimioterapia, e aos 35 a 45 dias o frango estará no peso de abate e pronto ao consumo humano, após processamento industrial.

Desfazendo esse mito
Como desfazer esses velhos mitos? Informações é que não faltam. Um digitar nas palavras “frango”, “hormônio”, “antibiótico” em sistemas de buscas na internet e encontramos fontes que explicam o absurdo que é a idéia do “frango criado à base desses produtos”.

Nenhum criador em consciência normal optaria por esse atalho, por várias razões, que vão da inviabilidade econômica e legal do seu uso à impossibilidade desse composto agir de forma eficiente no organismo do frango com pouca idade de vida.

O método de criação do frango industrial, baseado num regime intensivo, procura aproveitar ao máximo o potencial genético e as associações de defesa dos animais, sem apelar para o golpe do frango “bombado”. Nesse caso, as empresas estão trabalhando na adoção total do conceito do bem-estar animal, que ajusta a criação em Boas Práticas de Criação e Fábrica de Ração.

O brasileiro considera a carne de frango um alimento barato e seguro já que consome, quase 40 kg percapita ao ano, superando a carne bovina. Mas a ideia de risco para a saúde, no imaginário do consumidor deve ser totalmente, eliminada. A produção de carne de frango industrial, ainda, está ligada ao uso de hormônios e antibióticos e a síntese do resultado da pesquisa realizada pelo Centro de Tecnologia da Carne do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC/Ital) avaliou a percepção do consumidor brasileiro sobre a qualidade e segurança da carne de frango. Na pesquisa, os entrevistados mostraram-se bastante preocupados com riscos químicos e microbiológicos que o consumo da carne de frango traz.

Os entrevistados mostraram desconhecer os avanços genéticos, sanitário, de bem-estar e de nutrição pelos quais a avicultura passou nas últimas décadas. Mostraram-se muito preocupados com os riscos microbiológicos gerados pelo consumo de produtos avícolas, mas num grau bem menor, entre os contaminantes, a salmonela foi a mais citada. Os contaminantes microbiológicos foram considerados de baixo risco, consumidor se sente menos vulnerável, pois é ele quem vai preparar o alimento em casa.

A pesquisa é importante para a indústria avícola, sobretudo para reverter essa percepção errônea que o consumidor tem em relação à carne, preocupados com os riscos microbiológicos gerados pelo consumo de produtos avícolas. Agora, uma informação sobre aditivos permitidos, foi encontrada a categoria “Agonista”, na qual o Ministério da Agricultura aprovou um hormônio para aumentar a massa muscular do suíno, diminuindo a camada de gordura na terminação e, acredito que por essas incoerências e outras que este mito relativo ao frango persiste e persistirá por muito tempo.

Mitos estes que perduram e devemos, definitivamente, eliminar das dúvidas de nossos consumidores. Afirmo que a avicultura industrial, ou o frango de corte que vai a indústria na forma de matéria-prima e lá é cortado, processado e embalado como frango inteiro ou em partes, chega à mesa das pessoas livre de qualquer tipo de resíduo na sua carne, já que todo o processo que se inicia nas reprodutoras/genética até as granjas de milhares de produtores avícolas espalhados pelo País é desenvolvido pelas empresas, no sentido de eliminar contaminações por salmonelas, micotoxinas e controle de qualquer resíduo.

Programa de qualidade e de monitorias laboratoriais nos coloca na posição de afirmar que o frango que chega ao mercado – nacional e internacional – hoje é tratado com uma dieta alimentar – ração e água – de invejar humanos. Possui ainda todo um aparato técnico e gerencial a ser copiado por qualquer indústria que visa o mais elevado controle de seu produto final como alimento.

Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola.