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Brasil Foods

Sintonia pela BRF

<p>Enquanto aguardam decisão Cade, líderes da Sadia e Perdigão cumprem agenda e sinalizam investimentos com aprovação da fusão.</p>

Desde que a proposta de fusão das catarinenses Sadia e Perdigão, formando a gigante de alimentos BRF Brasil Foods, foi oficializada, em maio último, os líderes das duas companhias, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, da Sadia, e Nildemar Secches, da Perdigão, cumprem uma agenda desafiadora em conjunto. Na função de co-presidentes do conselho da nova empresa, eles procuram equacionar vários pontos da fusão das companhias enquanto aguardam, possivelmente para o final do ano, a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.

Na última segunda-feira à noite, eles participaram de confraternização na residência oficial do governador de SC, Luiz Henrique da Silveira, a Casa d’Agronômica. Após aquele evento, Furlan contou à coluna que a BRF Brasil Foods (nome já adotado pela Perdigão S/A) aguarda aprovação do Cade para as duas empresas operarem em conjunto no mercado externo. O foco dos órgãos responsáveis pela concorrência no País, Cade e a Secretaria de Defesa Econômica (SDE), é zelar pelo mercado interno.

As duas empresas, embora autorizadas a avançar juntas nas soluções de problemas financeiros da Sadia e em questões societárias, mantêm atividades separadas, conforme prevê o Acordo para Reversibilidade da Operação (Apro) que firmaram com o Cade.

Nildemar afirmou que, se aprovada a nova empresa, o nível de investimentos vai continuar e as unidades de SC serão aprimoradas para produzir mais itens de valor agregado. A Brasil Foods, que tem sede jurídica em Itajaí (SC), será a maior empregadora brasileira, com 124 mil postos diretos, e a quarta maior exportadora do País, com montante de US$ 4,3 bilhões em 2008, atrás, apenas, da Petrobras, Vale e Embraer.

Leia as entrevistas com Furlan e Nildemar:

Para quando a BRF Brasil Foods espera a decisão do Cade que aprovará ou não a fusão?
Luiz Fernando Furlan – Não sabemos quando sairá. Espera-se que até o fim do ano.

Nesta fase de espera, as atividades das duas empresas seguem separadas?
Furlan –
Estamos impedidos de fazer qualquer movimento de aproximação. Então, as empresas estão andando em paralelo, conforme o Acordo para Reversibilidade da Operação (Apro) assinado com o Cade. Só estamos autorizados a atuar em conjunto na parte financeira, de caixa, e é o que tem sido feito.

No dia 21 de setembro, as ações da Sadia deixam de ser oferecidas na Bolsa e a oferta será apenas das ações da BRF Brasil Foods. Como fica se o Cade não aprovar a fusão?
Furlan –
Os acionistas vão todos estar concentrados na BRF, mas a razão social da Sadia continua existindo até que haja uma autorização do Cade.

A BRF fez alguma solicitação ao Cade para desenvolver mais uma atividade em conjunto além da financeira, até que saia a decisão final sobre a fusão?
Furlan –
Estamos aguardando eventual autorização para atuação em conjunto na área internacional, que não tem nenhum tipo de divergência porque as autoridades estão preocupadas com a questão da defesa da concorrência no mercado brasileiro. Se o Cade e a SDE autorizarem, vamos atuar juntos nas exportações, mas só vamos fazer isso se formos devidamente autorizados. Todos os órgãos do governo devem ser ouvidos. Caso a decisão for aprovada, vai dar ganho de escala para as empresas lá fora.

As duas empresas investiram alto até antes da crise. Juntas, na Brasil Foods, vão manter essa elevada média de investimentos?
Nildemar Secches –
Depende. Há alguns investimentos grandes que ainda não foram concluídos e vão continuar em ritmo normal. Um deles é o projeto de Lucas de Rio Verde, da Sadia, no Mato Grosso, que é de quatro anos. Em segmentos com projetos de maturação maior vai se investir um pouco menos no curto prazo. Mas a nossa política de crescer 10% ao ano vai continuar. A Perdigão, no início da crise, fez uma reprogramação dos investimentos e está segundo a mesma. Os investimentos serão compatíveis com os portes das duas empresas. A Perdigão, nesses últimos15 anos, gerou uma média de 2,5 mil empregos por ano. Para isso é preciso ter investimentos.

E o projeto de suínos da Sadia em Mafra?
Nildemar –
A capacidade de abate de SC está relativamente bem equilibrada para ambas as empresas, de acordo com a disponibilidade de animais. Seria feita uma planta nova se abrisse o mercado da Europa ou do Japão para a carne suína do Estado. Isso depende de um esforço político.

Qual será o foco para SC?
Nildemar –
Muita gente foca o aumento de capacidade de abate. Mas nossas fábricas têm um longo caminho a percorrer para processar mais produtos, agregar mais valor. São fábricas muito boas e serão modernizadas.

Ainda há falta de mão de obra no Estado?
Nildemar –
Tivemos problemas até sérios no meio do ano passado por falta de mão de obra industrial, especialmente em SC. Capinzal e Concórdia sofreram mais, mas o problema era generalizado no Estado. Agora, com a crise, caiu a demanda das outras indústrias e trabalhadores de outros setores ficaram disponíveis.

Itajaí- A escolha de uma cidade catarinense, Itajaí, para ser a sede jurídica da BRF – Brasil Foods – foi um reconhecimento ao Estado onde nasceram as duas empresas, a Sadia e a Perdigão.  Segundo o co-presidente da nova empresa, Nildemar Secches, Itajaí vai ganhar mais ISS e um pouco mais de valor adicionado, mas o mais importante é o reconhecimento a SC.
Além disso, a cidade sedia, no mínimo, uma assembleia ordinária da empresa por ano e várias extraordinárias. Este ano, especialmente, serão umas 10 assembleias.

Gripes- A gripe A (H1N1), que ainda é chamada por alguns veículos de imprensa do centro do País de gripe suína, causou menos estragos às agroindústrias do que a gripe aviária, de três anos atrás. Conforme Nildemar Secches, a venda de carne suína in natura foi mais afetada no início da pandemia no País, mas, agora, a situação está se normalizando. Ele diz que a gripe aviária, apesar de não ter atingido pessoas no Brasil, causou mais estragos na venda de frango do que esta gripe H1N1. O que ajuda, também, é que o consumo de alimentos segue em alta no País. No primeiro semestre, cresceu numa faixa de 5% a 6%, frente aos mesmos meses de 2008.

A Brasil Foods nasce líder mundial no comércio de proteína animal e a 10ª empresa de alimentos do mundo, com vendas líquidas de US$ 11,344 bilhões.Estes e outros dados, como 42 fábricas da Perdigão e 17 da Sadia, foram apresentados em audiência na Câmara, terça-feira, pelo presidente executivo da BRF, José Antonio Fay.