A China passou a ser a maior exportadora do mundo e superou Alemanha e Estados Unidos. Os dados são da Organização Mundial do Comércio (OMC), que compilou o volume de exportações dos países de janeiro a junho de 2009 e aponta para o impacto da crise no mapa das potências comerciais.
Graças aos países asiáticos, a conclusão da OMC é de que o comércio mundial parou de cair e dá moderados sinais de recuperação. Os dados indicam que a queda nos primeiros meses do ano já se reverteu em um pequeno aumento em junho e julho. Mas a taxa ainda está distante dos níveis de 2008. Os dados ainda revelam que a retomada das exportações está sendo liderada pelos emergentes, em especial os da Ásia. Já o Brasil está estagnado em sua recuperação nos últimos dois meses.
A principal mudança provocada pela crise foi a transformação da China no maior exportador do mundo. Por uma margem mínima, Pequim superou a Alemanha, que era a líder desde 2003. A China exportou US$ 521,7 bilhões em seis meses, ante US$ 521,6 bilhões da Alemanha. Os americanos estão na terceira colocação.
Em 2002, a China era a quinta maior exportadora do mundo, com vendas anuais de US$ 325 bilhões, US$ 200 bilhões abaixo do que o país vendeu apenas nos últimos seis meses. Em 1997, era apenas a 16ª, com US$ 24,5 bilhões.
Parte da posição de número 1 da China resulta da crise. Nos últimos anos, a expansão das exportações alemãs tem sido o pilar da economia do país. Mas a recessão provocou uma reviravolta no modelo de crescimento defendido pela chanceler Angela Merkel. Ela e seu modelo enfrentam uma eleição em setembro. Com o alívio de já ter superado a recessão.
Fluxo de exportação – A OMC admite que não sabe se a China continuará líder até o fim do ano. Mas a realidade é que a China já é uma das líderes. No caso do Brasil, é o principal parceiro. Os chineses também já substituíram os americanos como o principal fornecedor de mercadorias à Europa.
Nos últimos anos, dezenas de medidas foram adotadas contra os produtos chineses e Pequim é hoje a cidade mais afetada por medidas restritivas. Uma delas foi adotada pelo Brasil no início do ano, para barrar a entrada de produtos siderúrgicos chineses.
Apesar da retomada das exportações, a entidade máxima do comércio mantém a previsão de que o fluxo de importações e exportações cairá 10% em 2009, o maior recuo em décadas. Mas o que traz alívio aos analistas é que o tombo de mais de 40% em Cingapura, Japão e Coreia em janeiro e fevereiro já não está ocorrendo.
A principal força na recuperação do comércio é a Ásia. Na China, as exportações passaram de US$ 95 bilhões em junho para US$ 105 bilhões em julho. Ainda assim, a taxa é 23% abaixo de julho de 2008. As importações chinesas também cresceram entre junho e julho, de US$ 87 bilhões para US$ 94,7 bilhões. Ainda assim, a taxa é 14% inferior ao mesmo período de 2008.
Na China, a queda de exportações em janeiro foi a maior desde que o país decidiu romper com alguns dogmas do comunismo e abrir a economia, há 30 anos. Em janeiro, a redução das exportações foi de 29%, a maior desde 1979. Agora, grande parte do crescimento do comércio asiático é resultado da retomada industrial na região.
Os dados da OMC também mostram estagnação do Brasil. Entre junho e julho, as exportações chegaram a cair, de US$ 14,5 bilhões para US$ 14,1 bilhões. Mas ainda são superiores aos US$ 12 bilhões de maio.
A corrente de comércio em julho foi de US$ 25,3 bilhões, com recuo de 32% em relação ao mesmo mês do ano passado. A queda só não foi maior nas exportações brasileiras graças às compras de empresas chinesas no setor primário.