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Comentário Avícola

Os efeitos da crise na avicultura dos EUA

<p>Podemos acreditar no que ouvimos sobre as melhorias na economia dos EUA? Os impactos da crise no desempenho da avicultura norte-americana é assunto da coluna de Del Corral neste mês.</p>

A melhora na economia americana ainda me intriga, pois, aparentemente, os dois lados da mesma moeda parecem ignorar o outro. Refiro-me aos comentários feitos pelo governo, os feitos pela indústria e a realidade que vemos na vida cotidiana em relação ao impacto econômico nas empresas, empregos e estilo de vida.

Enquanto muitos de nós estamos agradecidos por ainda ter o emprego, vemos, em primeira-mão, pessoas sem emprego lutando, empresas com cortes na produção, aumentos de preços (ou redução de quantidade industrializada), etc.

O governo americano deu 1 bilhão de dólares de incentivo para a indústria automobilística, o chamado “dinheiro para klunkers”. O crédito foi sugado na mesma semana em que foi lançado. Tudo pareceu ótimo, mas o que aconteceu como consequência deste crédito, aconteceria sem a disponibilidade do mesmo. Nós acreditamos que o crédito foi sugado por muitas pessoas que tomaram a seguinte decisão: a de comprar os veículos que já estavam pensando em comprar, ou seja, a venda de veículos não incluiu muitas vendas novas reais.

O ponto em que eu quero chegar é que a situação atual é muito preocupante, apesar de ninguém dizer. Todos nós estarmos tentando encontrar formas inovadoras de lidar com a situação.  Nosso setor [avícola] fez alterações nos níveis de produção e dos inventários que nunca teria considerado fazer ou ter feito antes. 

Os níveis de produção diminuíram, em média, cerca de 5%. Se você olhar o gráfico de matrizes de substituição, comparado ao primeiro semestre dos anos de 2007 a 2009, você vai ver que a tendência ainda é de queda. Isto significa que o fator de confiança real, de ter uma situação que irá apoiar melhorias, não existe.

A produção diária de pintos também é menor em 5%, já mencionado anteriormente, como você pode ver no gráfico seguinte, para o mesmo período:

A parte triste é que essas mudanças drásticas tiveram muito pouco efeito sobre os preços dos produtos avícolas, de onde tiramos a maioria das margens – carne de peito – e o peito desossado, que é rei!

Embora o mercado de carne de peito seja maior do que há um ano atrás, ele ainda não respondeu como normalmente fazia no passado, quando foram implementadas mudanças na produção. A demanda é tão pobre que, ao menor aumento dos inventários, o preço da carne de peito começa a cair.

No entanto, quando olhamos para o lado escuro da equação da carne, vemos algo bastante interessante. Refiro-me à venda de coxas e sobrecoxas. Se compararmos as vendas de um ano atrás para o mesmo período deste ano, o aumento é de 40% em volume. O preço de venda das sobrecoxas foi muito bom durante todo o 2º trimestre de 2009, de modo surpreendente, apesar dos baixos preços da carne de peito.

O resto dos mercados da proteína, apesar de terem reduzido os níveis de produção, também tiveram resposta limitada. Acredito que seja devido às mudanças dos padrões de consumo. Vemos os hábitos de compra dos consumidores e suas preferências “caminhando” para sobrecoxas, hambúrgueres e salsichas. Tais preferências indicam queda no consumo de filés e/ou carne de peito. Infelizmente, o desemprego continua crescendo, logo, poderemos ver mais ajustes. Vamos ter de esperar para ver o que acontece – Em breve, eu acredito que os consumidores vão voltar para os seus padrões de consumo histórico.

A nota positiva é que, como temos visto e ouvido, algumas empresas estão voltando a ter lucro. Vamos torcer para que a gestão não fique muito gananciosa ou animada, abandonando a cautela. É preciso manter todos os sacrifícios e esforços, sem os deixarem cair no esquecimento.

Dr. George Del Corral
Vice-Presidente de Contas Internacionais
Agri Stats, Inc.

Tradução: Redação Avicultura Industrial