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Economia

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<p>Para Amorim, Obama vê Doha da mesma forma que Bush via. Principal obstáculo são as demandas exageradas dos EUA.</p>

O principal obstáculo à conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) continua a ser as demandas exageradas dos Estados Unidos, mesmo depois que o presidente Barack Obama assumiu o poder, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Segundo ele, um acerto em torno dos princípios de liberalização comercial previstos na Rodada Doha é fundamental para garantir que não haverá o ressurgimento do protecionismo. Amorim afirmou que ainda é “cedo” para manifestar decepção quanto à atitude do governo Obama em relação às negociações comerciais, mas ressaltou que, nos primeiros seis meses da administração democrata, a posição americana “evoluiu pouco, de um momento de incerteza até uma posição muito semelhante à que os republicanos defendiam no final do ano passado”.

O ministro disse que há outras questões que são um entrave à conclusão da Rodada, como as salvaguardas agrícolas para alguns países em desenvolvimento. Ele enfatizou, porém, que o grande ponto que impede o desfecho das negociações é “a posição dos EUA em relação a produtos manufaturados”, caracterizada por “exigências excessivas”. Nesse cenário, o tradicionalmente otimista Amorim afirmou estar “cauteloso” quanto às perspectivas de final feliz para Doha, que terá mais uma reunião em Nova Délhi, na Índia.

Para ele, o governo Obama ainda está na fase de aprendizado, comum a toda nova administração. E esta fase, tudo indica, ainda não terminou. “É um processo que tem a ver com outros problemas internos dos EUA”, afirmou Amorim, que participou de seminário promovido pela Fundação Dom Cabral, em Nova Lima (MG), sobre o cenário global e as tendências para multinacionais de países emergentes.

E qual o plano B caso Doha não seja concluída? Para Amorim, “você pode dizer que o plano B óbvio é todo mundo se dedicar a acordos bilaterais, e nós vamos tratar de fazer os nossos também [em caso de fracasso da rodada]”. A questão, segundo ele, é que isso não resolve os problemas centrais que existem, como os subsídios agrícolas, “que foi o que motivou o começo da rodada”. Sem Doha, será necessário passar do plano A para o plano Z, afirmou ele, já que as negociações bilaterais são muito piores do que as multilaterais.