O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba (SP), e a multinacional alemã Basf anunciaram ontem parceria em melhoramento genético e biotecnologia em cana. “Vamos usar as melhores variedades desenvolvidas pelo CTC e a Basf vai contribuir com os genes para o aumento da produtividade da cana e também torná-las resistentes à seca”, afirmou Nilson Zaramella Boeta, diretor-superintendente do CTC.
A expectativa é aumentar a produtividade da cana em até 25%, segundo Walter Dissinger, vice-presidente de proteção de cultivos da Basf para América Latina. Atualmente, a produtividade média da cana no Brasil é de 80 toneladas de cana por hectare. “Queremos chegar a 100.”
Boeta lembra que as variedades resistentes à seca são propícias para regiões com pouca regularidade de chuvas, como na região Centro-Oeste do país.
As pesquisas de novas variedades desenvolvidas pelo CTC e Basf deverão durar de sete a dez anos e depois serão encaminhadas para aprovação do CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, afirmou Luiz Louzano, gerente de biotecnologia de proteção de cultivos da Basf.
Nem o CTC nem a Basf informaram o total dos investimentos nessa parceria. Segundo Louzano, a Basf investiu cerca de 1 bilhão em pesquisas voltadas para biotecnologia entre 1998 e 2008 e deverá fazer aportes parecidos para os próximos dez anos.
Essa é a primeira iniciativa da Basf em cana transgênica. A empresa já atuava neste segmento, mas com defensivos agrícolas.
No Brasil, a Basf assinou em 2007 um acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para desenvolver uma variedade transgênica de soja resistente a herbicida. A proposta de liberação comercial foi entregue à CTNBio em dezembro e a empresa espera aprovação entre 2011 e 2012. Até o momento, nenhuma variedade geneticamente modificada de cana foi aprovada no Brasil ou em outro país.