Redação (12/12/2008)- A estagnação das vendas internas de insumos agrícolas, em especial de fertilizantes, levou as entidades representativas do setor a irem em busca de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O valor total do pedido para socorrer as indústrias supera R$ 7 bilhões, R$ 6 bilhões apenas para as empresas de fertilizantes – a maioria delas é multinacional.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Misturadores do Brasil (AMA), Carlos Eduardo Florence, as empresas totalmente dependentes das importações de matéria-prima seriam as "mais necessitadas" do socorro referente financeiro. "O setor se preparou para atender uma demanda interna superior a 26 bilhões de toneladas de fertilizantes e deve chegar a apenas 22 bilhões", calcula. Essa diferença entre a expectativa e a venda realizada é equivalente a estoques de indústrias abarrotados com nutrientes adquiridos a preços exorbitantes e que já não se sustentam mais no mercado interno.
Nem as taxas de juros, nem os prazos que serão pleiteados foram negociados ainda. "É um volume de recursos para o setor enfrentar essa baixa na demanda que deve se prolongar também pelo primeiro trimestre de 2009, mas é necessário negociar as taxas de juros e as garantias. Até 9% seria confortável para o setor suportar", diz Florence. O diretor-executivo da AMA e todo o setor está à espera de uma resposta do BNDES para este ano, ainda que a operacionalização do empréstimo propriamente dita ocorra apenas no início do próximo.
A negociação entre entidades representativas e BNDES é mediada pelo Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo (Deagro/Fiesp) e vem a calhar para empresas que já registraram perdas financeiras no balanço do terceiro trimestre e devem fechar o ano com novos prejuízos. Rodrigo Rezende, diretor-financeiro da Fertilizantes Heringer reconhece a queda nas vendas mas não a necessidade do empréstimo para o caixa da empresa, que teve prejuízo de R$ 73 milhões no último balanço. "A situação está normal para a demanda do período", diz, alheio à queda de metade das importações de nutrientes em novembro.
Outros setores de insumos também entraram na fila em busca de empréstimo do BNDES. De acordo com o diretor do Deagro, Benedito Ferreira, o recurso se estenderia também às empresas de saúde e alimentação animal – R$ 100 milhões e R$ 300 milhões respectivamente – e defensivos agrícolas -outros R$ 900 milhões. As entregas caíram muito e os estoques estão cheios com produtos importados que precisam ser pagos. Seria interessante conseguir crédito em dólar para quitar essa dívida", avalia Ferreira.
Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), cogita a possibilidade de nenhum navio de nutrientes descarregar mercadoria no País em dezembro. Para ele, nossa condição importadora nos torna extremamente "vulneráveis à volatilidade cambial. Portanto, um empréstimo seria bem-vindo".
Além do empréstimo, o Deagro discute a viabilidade da liberação dos compulsórios diretamente para o governo induzindo o encaminhamento do recurso para o agronegócio via postergação de recolhimento de impostos. O Departa-mento estuda ainda mecanismos preventivos antidumping. "Estamos prevendo um acirrameto da concorrência entre os países emergentes, principalmente com a China. Assim como nós, eles também vão perder mercado americano e devem compensar tentando vender aqui e para outros mercados que já havíamos consolidado.