Redação (10/12/2008)- O volume de soja comercializada antecipadamente em Mato Grosso está 55% menor este ano em relação à quantidade de oleaginosa negociada em 2007.
Na safra 2008/2009, apenas 27,9% do total a ser produzido foram negociados com as tradings, isso equivale a 4,733 mi de toneladas
O volume de soja comercializada antecipadamente em Mato Grosso está 55% menor este ano em relação à quantidade de oleaginosa negociada em 2007.
Dados da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) apontam que na safra 2008/2009, apenas 27,9% do total a ser produzido foram comercializadas com as tradings.
Em números, isso corresponde a 4,733 milhões de toneladas já vendidos em um universo de 16,904 milhões (t) estimados para serem colhidos este ano.
No mesmo período do ano passado, a venda antecipada chegou a 60% do volume, comprometendo 10,596 milhões (t) da produção, que totalizou 17,661 milhões de toneladas do grão.
A venda antecipada é tradicional entre os sojicultores estaduais, e a queda está ligada aos vários entraves que a produção vem enfrentando este ano, que começou com a elevação nos custos de produção, principalmente fertilizantes, o que acarretou também na redução no nível de adubação do solo. Mais recentemente veio a restrição ao crédito, especialmente por parte dos bancos internacionais.
Como reflexo desses fatores, a área destinada ao cultivo de soja reduziu 1,1%, baixando de 5,609 milhões de hectares na safra 2007/2008 para 5,547 milhões (ha) na safra atual.
Em decorrência disso a produção também será menor, sairá de 17,661 milhões de toneladas no ciclo anterior para 16,904 milhões (t) este ano, o que corresponde a um recuo de 4,2% de um ano para outro.
Mas as preocupações dos sojicultores não param por aí. O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), Seneri Paludo, afirma que ao contrário do que ocorre no Estado, os produtores vêm travando os preços em real, o que não é bom para o setor.
Ele afirma que os custos dos agricultores são formados por dívidas contraídas em real e em dólar e que por isso, se ele estiver fixando o preço em real, poderá ter prejuízo no ano que vem.
O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira da Silva, afirma que o produtor deve ficar bastante atento ao preço que está travando e a comercialização deve ser feita de acordo com a planilha de custos dele.
"Este ano os custos em dólar devem corresponder a 70% do total e o restante são em real. Se ele não fizer uma negociação dentro das possibilidades e com consciência poderá ter prejuízo mais tarde", considera ao explicar que esta atitude do produtor é consequência das incertezas do mercado, que está passando um certo medo aos produtores.
Na avaliação dele, os sojicultores estão preferindo travar os preços, em real, a ter de comercializar o grão por um valor inferior no futuro.
Clima – O presidente da Aprosoja diz que outra preocupação da agricultura é com relação à irregularidade das chuvas este ano. Conforme ele, várias lavouras tiveram de ser replantadas e estão sofrendo com a falta de chuva em algumas regiões do Estado.
"Se não chover nos próximos dias poderemos ter perda", diz Silva ao explicar que o solo do Estado é pobre de calcário e que por isso as raízes da planta são superficiais e ficam mais frágeis diante da falta de chuva.