Redação (18/11/2008)- O milho transgênico ainda é uma incógnita no Paraná. A safra de verão será um teste para o grão recém-liberado para plantio comercial. Parte da semente disponibilizada neste ciclo vem do Cerrado e parte da Argentina, o que dificulta avaliações antecipadas sobre produtividade. Nem mesmo o tamanho da área plantada com grão Bt é conhecido com precisão. Os técnicos que participaram da Expedição Safra acreditam que a semente resistente à lagarta-do-cartucho cobre 4% da lavoura de milho de verão, que ficou em 1,33 milhão de hectares.
Cooperativas como a Coamo se preparam para segregar o milho transgênico, que ocupa entre 1% e 1,5% de sua área, cerca de 2,5 a 3,8 mil hectares. A previsão é de grande expansão a partir da safrinha. Na região de Maringá e Rolândia (Noroeste e Norte), as cooperativas Cocamar e Corol, também prevêem participação do Bt em torno de 2%.
Nem todo mundo encontrou semente de milho, mesmo em regiões onde as cooperativas estavam vendendo o grão geneticamente modificado. Foi o caso de Valter Zarpelan, de Cornélio Procópio, na região de Londrina. Ele aproveita o quadro para ficar apenas observando o que ocorre no setor. Plantou 36 hectares de milho convencional.
Sua maior preocupação é com os custos. Zarpelan afirma que este ano desembolsou 60% mais dinheiro para plantar milho. Se quando for às compras às vésperas da safrinha (dezembro/janeiro) o cereal Bt representar alguma economia, deve adotar a mesma postura que na soja transgênica. Dos 157 hectares que dedicou à oleaginosa, 110 foram cobertos de sementes transgênicas neste ciclo.
Parte dos produtores já planeja quanto vai dedicar ao milho Bt na safrinha. Carlos Roberto Pupin, produtor em Maringá e Itambé, não planta milho no verão, mas vai dedicar 20% da lavoura do cereal ao grão transgênico. Por outro lado, ele não sonha com ganhos significativamente mais altos que os atuais. A produtividade, avalia, tende a ser a mesma prevista para o convencional: 4,8 mil quilos/ha. Na soja, ele adota sementes GM em 80% da lavoura.
Valdecir Monteiro, agricultor em Cambé e Rolândia, vai dedicar metade dos 600 hectares do milho safrinha ao Bt. Para ele, os custos do milho transgênico tendem a ser menores. Sua base de comparação não é só a semente convencional, mas também o trigo.
Mas existem apostas mais ousadas. Gabriel Jort, de Campo Mourão, destinou 50 hectares ao milho neste verão, cerca de 20% da sua área. Ele planejava cobrir ao menos parte dessa extensão com o cereal transgênico, mas não encontrou sementes. Na safrinha, quer cultivar 100% de milho Bt.
Produtor diz estar seguro
Com cooperativas e cerealistas ainda se preparando para receber e segregar milho geneticamente modificado, os produtores mostram-se seguros em relação à comercialização. Entre os 300 agricultores que participaram do lançamento do Bt – realizado pela Dekalb e pela Monsanto em Foz do Iguaçu na semana passada –, as mais diversas alternativas de escoamento foram cogitadas.
Ao invés de vender, André Meurer, de Francisco Beltrão (Sudoeste), por exemplo, disse que vai fazer silagem para a pecuária de leite com o milho modificado cultivado neste verão. A abertura do comércio tradicional de grãos ao Bt deve acompanhar a disponibilidade de sementes e a produção, avaliou Deilor Pappen, de Marechal Cândido Rondon (Oeste). Ele pretende plantar semente geneticamente modificada em 50% da área de milho na safrinha, confiante na aceitação do produto.
O agrônomo Rudimar Soares, que atende 15 produtores de Toledo (Oeste), com área que soma 3,2 mil hectares, conta que a alta ocorrência de pragas como a lagarta-do-cartucho na região abre espaço ao Bt, resistente ao inseto.