Redação (13/11/2008)- Estoques altos, exportações em baixa, preços aquém do esperado. Esse é o cenário do mercado do cereal no momento da chegada do milho Bt às lavouras comerciais brasileiras. No entanto, a semente, lançada oficialmente no Paraná terça-feira à noite, deverá trazer ânimo ao setor na safrinha ao melhorar a relação custo-benefício, avaliou o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Odacir Klein, convidado para o evento.
Ele disse na solenidade, em Foz do Iguaçu (Oeste), que esse ânimo é essencial para o equilíbrio da cadeia do milho. Em sua avaliação, se o produtor se guiar pelos custos altos e pela fraca remuneração, vai reduzir a área do cereal e, num cenário de especulação, pode faltar grãos a médio prazo. "Se o comprador tentar se aproveitar das dificuldades do produtor, daqui dois anos não tem milho", alertou.
Para Klein, a intervenção do governo no escoamento também é essencial para equilibrar oferta e demanda, num momento em que a queda nos preços das commodities em dólar pressiona a cotações internas. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o consumo interno cresça 2 milhões de toneladas e a produção caia 3 milhões em 2008/09. Porém, como as exportações devem passar de 10 milhões para algo em torno de 6 milhões, os estoques sem mantém altos.
Comemoração
O lançamento da tecnologia Bt ocorreu em clima de comemoração em Foz do Iguaçu. Cerca de 300 produtores das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná participaram do evento, organizado por uma equipe de 50 profissionais de São Paulo que percorre o país. Mais dois eventos como esse devem ser realizados no Paraná, nas regiões de Campo Mourão e Londrina.
A expectativa dos produtores que estiveram em Foz é cultivar milho gastando menos do que se recebe. Ontem a cotação da saca de 60 quilos era de R$ 16,6 – 10% abaixo do custo. Eles dizem que, com algumas lavouras exigindo até cinco aplicações de inseticidas, a tarefa é praticamente impossível.
O Bt é resistente às três principais pragas do milho: a lagarta-do-cartucho, a broca-do-colmo e a lagarta-da-espiga, que podem gerar perdas de 40%, 21% e 8% respectivamente. Na comparação com uma lavoura infestada, a plantação de milho geneticamente modificado (GM) rende até 40% mais, sustentou o gerente comercial da Unidade de Negócios da Monsanto no Paraná, Sandro Rissi.
A multinacional desenvolveu a semente que chegou primeiro ao mercado, que chega em três variedades da Dekalb: 330, 350 e 390. Houve menos semente que a procura no plantio desta safra de verão e a escassez vai continuar na safrinha, disse Rissi. "No plantio de verão do ano que vem é que teremos maior disponibilidade de semente, mas ainda não sabemos quando oferta e procura vão se equilibrar."
Apesar de esta ser a primeira safra comercial de milho transgênico no Brasil, os produtores paranaenses dizem estar seguros em relação ao manejo da nova tecnologia. O produtor Jacó Lira, de Toledo, conta que visitou três áreas demonstrativas e ainda não plantou Bt porque não havia semente no início do plantio de verão. "Na safrinha, vou plantar só GM."
Existem outras variedades de semente de milho geneticamente modificadas aprovadas para uso comercial no Brasil, das empresas Syngenta e Bayer.