Redação 30/10/2008 – O agronegócio vive uma fase de expressiva expansão no Nordeste brasileiro. Com condições climáticas favoráveis e localização estratégica, os Estados da região vêm investindo em infra-estrutura e modernizando sua estrutura de produção agropecuária.
Até bem pouco tempo atrás conhecida apenas pela produção de frutas e pela tradicional ovinocaprinocultura, a região já se destaca em várias outras áreas do agronegócio. O Nordeste já é, por exemplo, o maior exportador de camarão e mel do Brasil.
Na esteira dessa evolução, atividades como a avicultura e a suinocultura vêm crescendo significativamente. Para se ter uma idéia, a avicultura e a suinocultura nordestinas cresceram, respectivamente, na última década, 819% e 75%.
A construção da ferrovia Nova Transnordestina, que ligará os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) a Eliseu Martins (PI), com
Suinocultura Industrial – O agronegócio é um setor de extrema importância para os resultados da economia brasileira. Exibindo dinamismo em todos os seus segmentos, o setor agropecuário vem apresentando um crescimento considerável no País nos últimos anos. O senhor poderia falar sobre o agronegócio no Nordeste? Qual sua importância para a economia da região?
Flavio Saboya – O agronegócio é um setor muito importante para a economia do Nordeste. Para se ter uma idéia, a agropecuária é hoje responsável por quase 50% do PIB [Produto Interno Bruto] da região. Trata-se de um setor que tem uma significativa participação nas exportações dos Estados nordestinos, principalmente em determinados produtos. Como se sabe, o Nordeste é um grande exportador de frutas e, atualmente, o maior exportador de camarão e de mel do Brasil.
SI – Quais as potencialidades da região Nordeste para o desenvolvimento do agronegócio?
FS – O Nordeste é uma região muito propícia para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Primeiro, pelas condições climáticas que são muito favoráveis. O clima semi-árido predomina em boa parte da região. Isso significa que o Nordeste é uma região com alta incidência de sol e clima seco. O semi-árido é tido, atualmente, como ambiente extremamente favorável a atividades econômicas como a fruticultura, piscicultura, avicultura, apicultura, caprinocultura, entre várias outras. O Nordeste conta também com mão-de-obra abundante e com bom nível de especialização, infra-estrutura moderna, principalmente a portuária, e incentivos ficais. Sem contar sua localização estratégica, próxima aos grandes mercados mundiais. O Nordeste tem vocação para o agronegócio.
SI – Quais os setores do agronegócio que mais se destacam no Nordeste?
FS – A ovinocaprinocultura é uma atividade tradicional no Nordeste. Mas, nos últimos anos, a fruticultura, a apicultura, a carnicicultura e a pecuária de leite são segmentos que vêm crescendo expressivamente no Nordeste.
SI – Pelo que o senhor está dizendo o agronegócio vive uma fase de expansão no Nordeste. Que fatores explicam esse crescimento?
FS – Em primeiro lugar a agropecuária é uma tradição da região. O Nordeste sempre teve uma relação muito estreita com a agricultura e com a criação de animais. Em segundo lugar porque tem havido um investimento maciço em infra-estrutura nos últimos anos. No Estado do Ceará, em Pernambuco, no Maranhão, existem portos muito modernos. O governo federal também está investindo na construção Transnordestina [ferrovia que liga o os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) a Eliseu Martins (PI), com
Outro ponto importante a ser destacado são os investimentos que têm sido feitos no campo, como por exemplo, a melhoria contínua das condições técnicas de produção, a modernização das instalações de produção animal, a aposta em material genético etc. Tudo isso fez com que a produtividade das atividades agropecuárias crescesse vertiginosamente no Nordeste nos últimos anos.
SI – A avicultura e a suinocultura são atividades significativas no Nordeste?
FS – Sem a menor dúvida. Só para se ter uma idéia, nos últimos 10 anos a avicultura registrou um crescimento de 819% no Nordeste. O plantel avícola nordestino é de 134 milhões de aves, número que corresponde a 12% do rebanho nacional. Em
O Nordeste conta com várias agroindústrias locais instaladas. É possível observar claramente nos supermercados a presença de vários produtos industrializados de aves e suínos vendidos a preços competitivos. Os produtos são apresentados da mesma forma como as grandes agroindústrias brasileiras.
SI – E o setor suinícola como está estruturado?
FS – A atividade suinícola cresce de maneira mais moderada, mas mesmo assim registra números expressivos. Na última década a atividade cresceu 75%. A suinocultura nordestina deve produzir em 2008 cerca de 30 mil toneladas de carne suína. O rebanho nordestino conta atualmente com 7,9 milhões de cabeças, número que corresponde 20% do rebanho suinícola nacional. Bahia, Ceará, Pernambuco e Alagoas são os principais Estados produtores.
SI – Um dos fatores que sempre inibiu o desenvolvimento das atividades avícola e suinícola no Nordeste é a pequena produção de grãos, principalmente de milho e soja. Esse é ainda o principal entrave para a expansão das atividades na região?
FS – Realmente o Nordeste era muito dependente de outras regiões brasileiras no tocante ao abastecimento de grãos. Mas essa situação vem mudando. A Transnordestina vai unir os pólos produtores de grãos, como é a Bahia e o Sul do Maranhão e do Piauí, e vai baratear o frete, estimulando a produção avícola e suinícola da região. Já com relação à soja, outro insumo importante para a alimentação de aves e suínos, em regiões do Piauí, do Maranhão e da Bahia, a produção é bastante expressiva, fato que nos torna mais competitivos.
SI – Em sua opinião quais as potencialidades do Nordeste para a o desenvolvimento da avicultura e da suinocultura nos próximos anos?
FS – O futuro é muito promissor para essas duas atividades. Embora a avicultura e a suinocultura venham registrando expressivas taxas de crescimento no Nordeste, as perspectivas de crescimento para ambos os segmentos na região ainda são significativas. O sistema avícola e suinícola vem se modernizando de forma contínua e a [ferrovia] Transnordestina vai baratear os custos dos grãos e, certamente, aumentar a nossa competitividade.