Redação (30/10/2008)- A ferrugem asiática, considerada a maior inimiga dos sojicultores, ainda não aflorou nas lavouras de Mato Grosso este ano, mas o plantio segue atrasado em pelo menos duas semanas, segundo informações da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja).
Enquanto os produtores saem atrás de crédito para concluir a compra de fertilizantes, o plantio vai atrasando a cada dia. Levantamento da Aprosoja aponta que entre 15% e 20% apenas da área total reservada para este ano já estão plantados.
"O normal seria estarmos nesta época com pelo menos 50% da área já cultivada. A safra realmente está atrasada e isso vai implicar em queda nas principais culturas, como algodão, que poderá cair até 40%, soja (10%) e, milho, 50%", aponta o diretor administrativo da Aprosoja, Ricardo Tomczyki.
Ele participou recentemente de uma viagem à China, em companhia de alguns produtores em busca de novos parceiros – tradings e bancos chineses – para financiar a safra. "Fizemos contatos com compradores de soja da China e estivemos também em Cingapura. Mostramos nosso potencial e deixamos claro que o que precisamos é de dinheiro para financiar o plantio. Sentimos que houve interesse por parte das tradings e acreditamos que esta parceria pode se concretizar", avalia Tomczyk.
Segundo ele, muitos produtores ainda estão sem dinheiro para comprar insumos e concluir o plantio da safra. "Como prevíamos, esta safra está sendo bastante tensa porque além da falta de crédito para a compra de fertilizantes, os agricultores estão com as parcelas das dívidas atrasadas e sem capital de giro para a aquisição de peças, pagamento de operadores, compra de combustíveis e outras despesas de giro rápido".
FERRUGEM
Se os produtores estão preocupados com falta de crédito e dívidas, por outro lado estão tranqüilos em relação à presença do maior terror da sojicultura: a ferrugem asiática, que ainda não mostrou a cara este ano. Nas últimas safras, as perdas dos produtores com a aplicação de fungicidas consumiram boa parte da renda agrícola, mas para este ano a situação está mais controlada.
Segundo o coordenador da Comissão de Defesa Vegetal da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Mato Grosso, Wanderlei Dias Guerra, não há ainda registros de casos de ferrugem nas lavouras plantadas este ano. "Os produtores fizeram um bom trabalho durante o vazio sanitário – período em que é proibido o plantio de soja para evitar o surgimento da ferrugem – e tudo indica que a safra 2008/09 será bem mais tranqüila".
A recomendação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é fazer o plantio antecipado de soja utilizando-se variedades precoces e fazendo o monitoramento efetivo da lavoura, com aplicações preventivas ou nos primeiros sintomas da ferrugem asiática.
Segundo Wanderlei Guerra, o produtor deve estar atento à qualidade da aplicação, utilizando equipamentos bem regulados e uso das doses recomendadas. Ele lembrou que este ano, em decorrência do prolongamento das chuvas, os produtores terão que "redobrar a atenção e fazer um controle melhor porque a ferrugem pode ressurgir neste período de início de plantio, já que a quantidade de fungos vivos nas plantas remanescentes é maior este ano".
No ano passado, todas as lavouras de soja foram infectadas pela ferrugem asiática. A média foi inferior a três aplicações, mas algumas lavouras chegaram a fazer até quatro aplicações de fungicidas nas regiões mais críticas como Vale do Araguaia e Leste, em função da realização de plantios tardios.