Redação (14/10/2008)- A agricultura brasileira será afetada pela crise de crédito na safra 2008/09, uma vez que o plantio de grãos começou no meio da turbulência financeira, mas as medidas anunciadas pelo Banco Central poderão chegar a tempo de remediar o aperto no financiamento da exportação.
"O principal problema que afeta hoje o agronegócio, e em particular as exportações do agronegócio, é a insuficiência de recursos para as operações de financiamento a exportações (chamadas de ACCs). E as medidas adotadas já pelo Banco Central visam, em parte, atenuar essa insuficiência de recursos", disse o ex-ministro da Agricultura Pratini de Moraes.
Para Pratini, a maioria dos agricultores pisou no freio diante dos problemas para obter crédito na hora da preparação da safra, e a área plantada "deve crescer muito pouco (em relação ao ano passado), se é que cresce".
Por isso, ressaltou ele, a priorização dos ACCs (Adiantamentos de Contrato de Câmbio), que financiam metade das exportações do país, seria uma forma de compensar um problema que já chegou ao campo.
Ontem, o Banco Central fez mais ajustes nas regras dos compulsórios, elevando a pouco mais de R$ 100 bilhões os recursos que podem ser injetados na economia.
Representantes do setor exportador e do segmento de insumos concordam que as medidas podem surtir efeito.
"Tudo o que turbinar o crédito agora temos que ser a favor, sobretudo com enfoque da safra de verão. Tudo o que der confiança, pois estávamos já vivendo um primeiro momento de crise de crédito", disse Eduardo Daher, diretor-executivo da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos).
Já Sérgio Mendes, diretor-geral da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), espera que uma parte do crédito gerado pelas medidas do BC possa atender à agricultura de exportação, num momento em que as tradings multinacionais, que financiam a agricultura de larga escala, restringiram os financiamentos.
O agronegócio responde por cerca de 35% das exportações anuais do Brasil.