Redação (15/09/2008)- As contaminações causadas pela ingestão direta de ovos crus ou mal cozidos totalizaram 37% e aquelas ocorridas após o consumo de alimentos em restaurantes, lanchonetes, padarias ou outros estabelecimentos comerciais que servem comida chegaram a 34%. O consumo em casa foi responsável por 22% dos surtos e em festas e eventos, 14%.
Os dados foram encaminhados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a sugestão da realização de uma nova rotulagem com orientações a respeito do consumo dos ovos. A assessoria de imprensa do órgão informou que já existe um estudo sobre isso em andamento desde 2003.
A discussão é feita por um grupo formado por técnicos da Anvisa, dos Ministérios da Saúde e Agricultura e do setor produtivo e está na etapa de finalização da parte técnica. Assim que for concluído, o estudo será encaminhado à diretoria da Anvisa que decidirá se o assunto vai para consulta pública ou não.
Segundo a médica epidemiologista da Secretaria Estadual de Saúde, Maria Bernadete Eduardo, a salmonella é uma bactéria encontrada em alimentos de origem animal contaminados, como carnes, leite e ovos e causa infecção no intestino. A bactéria contida nos ovos apareceu em 1980, ocupando o lugar da salmonella do frango e da galinha e se disseminou pelo mundo até chegar ao Brasil.
Ainda de acordo com Maria Bernadete, faz parte da cultura do brasileiro comer ovos fritos ou cozidos com a gema mole, ou mesmo a tradicional gemada crua, e e esse é o problema. Além disso, há o costume de fazer maionese com ovos crus, o que também pode transmitir a doença. "Antes da década de 80 era possível ingerir ovos crus. Hoje não é mais. Com o tempo e as mudanças que vão ocorrendo temos que mudar nosso comportamento e consumir produtos de origem animal bem cozidos."
Os sintomas, que aparecem cerca de 72 horas depois da ingestão do alimento contaminado, são diarréia, febre, cólicas, náusea, vômito e dor de cabeça. Para evitar a doença é necessário manter na geladeira ovos e alimentos feitos a base de ovos, descartar ovos sujos e quebrados e evitar comer ovos com gema e a clara moles. "A pessoa contaminada deve ingerir bastante água e se os sintomas não passarem procurar um médico."
A epidemiologista afirmou ainda que não há garantias na hora de comprar os ovos. Segundo ela, na Europa e nos EUA, para cada 20 mil ovos, um está contaminado, proporção mais perigosa no Brasil, já que para cada 100 unidades, o índice de contaminação é de um a dois ovos. "Por isso, é importante, além de consumir o ovo bem frito ou cozido para que o calor mate a bactéria, limpar tudo o que foi usado para evitar contaminar outros alimentos com a salmonella", alertou.