Redação (19/08/2008)- O agrônomo Marcelo da Costa Rodrigues, Coordenador de Desenvolvimento de Mercado para a região Sul da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec) explica como fazer a escolha da cultivar.
Segundo ele, a regra vale para todas as regiões produtoras de soja. O primeiro ponto é lembrar que o potencial produtivo de cada variedade pode ser comprometido pelo mau posicionamento (época de plantio, solo, clima densidade errados). “Se não fosse assim, todos os produtores semeariam apenas algumas cultivares, ou a que mais produz. Além disto, a boa produtividade é também uma condição básica exigida pelos órgãos oficiais, para sua liberação”, observa, detalhando outros passos a serem observados.
Mato-competição
O histórico de cada talhão, quanto à presença ou não de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle, é importante, segundo Agrônomo, para definir a necessidade de o produtor optar pela semeadura de cultivares transgênicas tolerantes ao Glyphosate (RR’s,) ou pelas convencionais. Outros fatores como a valorização do grão comercial convencional pode levar o produtor a semear variedades convencionais mesmo em talhões com plantas daninhas de difícil controle, pois o mercado na última safra já remunerou com diferencial este produto. Por outro lado, a flexibilidade da tecnologia RR entre outras vantagens que o sistema oferece também podem influenciar na decisão, mesmo na ausência de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle.
Fertilidade do solo e área de adaptação
Existem três grupos de cultivares chamadas eficientes e responsivas, não-eficientes e responsivas, e eficientes e não-responsivas. Por esta razão, o produtor deve conhecer a fertilidade de cada talhão para escolher a cultivar, principalmente quanto aos níveis de fósforo e matéria orgânica.
Há regiões com histórico de veranicos e ainda com solos arenosos. Neste caso o uso de cultivares de diferentes ciclos e épocas de semeaduras variadas se torna benéfico. Ainda, variedades de grupo de maturação maior (acima de 7.0) também trarão benefícios para estas regiões pois suportam melhor esta intempérie. Por outro lado, em regiões altas e frias, e com altos índices de matéria orgânica no solo, há propensão para o acamamento. Neste caso, o uso de cultivares resistentes, ou com boa tolerância, se torna indispensável para o sucesso.
Presença de nematóides
O mercado oferece cultivares com as mais variadas tolerâncias ao complexo de nematóides formadores de galha e, ou cisto. Eles estão presentes de norte a sul do país e nas mais variadas proporções. O manejo com cultivares tolerantes é o mais eficiente.
A mesma atitude podemos ter com a indicação de cultivares tolerantes ao complexo de podridões radiculares, porém não existe, nos dois casos, uma cultivar salvadora. Neste último caso o uso somente de variedades tolerantes não é suficiente, sendo que a rotação de culturas auxilia em muito.
Cultura subseqüente e escalonamento
A opção pela semeadura do milho ou sorgo imediatamente após a colheita da soja é prática usual em regiões quentes e baixas. No inverno, o risco de seca, no caso do Centro-Oeste, e o risco da geada no PR, SP e MS, é eminente em todos os anos. Tais riscos podem ser minimizados com a semeadura precoce do milho. Para isso, é indispensável a semeadura antecipada da soja e ainda, utilizando cultivares precoces ou super-precoces.
Nem todas as cultivares atingem bom porte na semeadura antecipada, e isso ocasiona perca de potencial produtivo. Vale então optar por variedades que são recomendadas pela pesquisa para esta prática. Geralmente cultivares de tipo de crescimento indeterminado ou período juvenil longo suportam tal condição. E caso conciliarem ciclo precoce podem viabilizar ainda mais o cultivo do milho, ou sorgo, em safrinha.
Opções em transgênicas
Segundo Marcelo Rodrigues, hoje, a disponibilidade de cultivares convencionais ainda é maior do que as opções RRs. “Porém, cada vez mais os a pesquisa trabalha para oferecer ao produtor a variabilidade que conquistamos com as opções convencionais. Fato comprovado pelo número de cultivares lançadas na última safra RR em relação aos lançamentos de Convencionais”, observa, lembrando que apenas na última safra, a Coodetec lançou as cultivares CD 225RR e CD 226 RR.
Estas variedades passaram pelo crivo de um Concurso Nacional de Produtividade, que reuniu a elite da sojicultura brasileira. Cada um dos 326 produtores concorreu com área mínima de um hectare de sua propriedade, auditada pela assistência técnica e com fiscalização recíproca, dos próprios concorrentes. Os números finais indicaram Antonio Claudio Felix Cavalheiro, de Caçapava do Sul (RS) como o campeão da cultivar 226RR. Ele colheu 103,2 sacas por hectare, o equivalente a 249,8 sacas por alqueire. O campeão da cultivar CD 225RR foi o catarinense de Campos Novos, Sady Dutra, que alcançou 88,9 sacas por hectare, ou 215,2 sacas por alqueire. Antonio Cavalheiro levou como prêmio uma pickup zero e Sady, uma moto 400 cilindradas.