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Índia e EUA pedem que não se descartem avanços obtidos na OMC

<p>Os países afirmaram nesta quarta-feira que esperam levar adiante os avanços obtidos antes do colapso das negociações comerciais de Doha.</p>

Redação (30/07/2008)-  "Gostaríamos de acreditar que existe um progresso sobre o qual podemos avançar", disse a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, um dia depois do fracasso das negociações para resgatar a Rodada de Doha. "Colocamos ofertas significativas na mesa. Se outros estiverme preparados para seguir adiante e responder a essas ofertas de maneira significativa, nós estaremos alí ", disse Schwab. Os negociadores trabalharam de maneira frenética nos últimos seis meses para resolver questões agrícolas e manufatureiras que bloqueavam o avanço da rodada, que já durava sete anos.

Cerca de 30 ministros de Comércio da OMC se reuniram em Genebra durante nove dias para tentar finalizar as negociações de Doha, que acabou em fracasso. "Peço ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, para que encare como uma pausa, não uma quebra, e que mantenha sobre a mesa o que já está ali", disse o ministro de Comércio da Índia, Kamal Nath, advertindo os países em desenvolvimento que ”não deixem passar um acordo potencialmente valioso”. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, por sua vez, afirmou que após fracasso, o Brasil tem agora que se concentrar em resultados. "Sempre dissemos que Doha era a prioridade. Mas não podemos ficar pendurados no que não dá resultados", disse, comentando a possibilidade de retomar negociações para acordos bilaterais entre o Mercosul e a União Européia ou os EUA.

Quanto ao futuro da própria Rodada, Amorim acha que ela deve entrar em um período "de marcha lenta", e as discussões dificilmente poderão ser retomadas antes de dois ou três anos. Schwab disse que Washington já havia feito uma concessão maior ao acertar um pacote de compromissos desenhado pelo diretor-geral da OMC, que permitiria que os países em desenvolvimento elevem as taxas acima dos atuais níveis máximos quando as importações cresçam 40%, comparadas com uma média de três anos. Isso teria permitido à China, que aceitou grandes reduções das taxas agrícolas quando integrou à OMC, em 2001, elevar as taxas sobre grãos de soja em oito dos últimos dez anos, enquanto a Índia subiria os direitos sobre o azeite em três de seis anos – disse Schwab. "Vocês podem imaginar que qualquer número abaixo de 40% seria convertido em um ”vale tudo”, com países em desenvolvimento elevando as barreiras todos os anos", acrescentou. A Índia pediu um nível de 15% de crescimento das importações para permitir que os países mais pobres contenham rapidamente uma onda de importações. O ministro de Comércio da China, Chen Deming, também afirmou nesta quarta-feira estar "muito decepcionado pelo lamentável fracasso" das negociações de Doha. No entanto, ele eximiu seu país de ter qualquer responsabilidade pelo fim das negociações.

A China, junto com Índia, é acusada de ter abandonado as negociações com os EUA na tarde de terça-feira, quando era discutida a liberalização do comércio de produtos agrícolas. "As reuniões fracassaram pela incapacidade de dois países para chegar a um acordo", disse o ministro, citando a Índia e os EUA e isentando seu país, que apoiou a posição indiana. "Como todos os países participantes, nos sentimos muito decepcionados. Grupos em representação de cerca de 100 nações em desenvolvimento acreditavam que a vulnerabilidade dos agricultores pobres não poderia ser negociada em troca dos interesses comerciais dos países desenvolvidos", disse Kamal Nath, representante inidano. Um importante funcionário da União Européia disse que os EUA haviam sido inflexíveis nas discussões sobre a salvaguarda, enquanto Índia e China demonstraram certa disposição de fechar um compromisso. "Eles não eram muito flexíveis, mas começaram a mostrar alguns sinais de movimento. No entanto, os EUA se fecharam em sua popsição", disse.