Redação (30/07/2008)- Autoridades estaduais estão correndo contra o tempo para eliminar, dos campos mato-grossenses, os fungos da ferrugem asiática que estão vivos em plantas de soja que se desenvolveram de forma involuntária durante a entressafra, as chamadas plantas guaxas. A menos de 50 dias do início da safra 08/09 no Estado, uma força-tarefa adotou como estratégia a vistoria em 759 propriedades estaduais, em 28 municípios nos próximos 15 dias. A ação tem como meta eliminar a doença, pois está constatado que Mato Grosso está infestado por fungos que provocam a ferrugem nas lavouras de soja.
As vistorias que serão realizadas de norte a sul do Estado foram definidas em conjunto por ruralistas (Associação dos Produtores de Soja), Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) e pela Superintendência Federal de Agricultura (SFA/MT). As propriedades selecionadas são produtoras de soja e não foram escolhidas, necessariamente, por conter focos da doença. “Porém, a realidade que observamos no início do mês quando foram visitados 18 municípios, poderá ser ainda mais grave”.
Naquela primeira etapa de avaliação dos resultados do Vazio Sanitário, as equipes encontram o fungo vivo da doença em 84% das fazendas vistoriadas e essa constatação levou as autoridades a emitirem sinal de alerta aos produtores sobre a necessidade de destruir a soja guaxa ou tigüera das suas propriedades, como forma de eliminar a ponte verde, ou seja, a sobrevivência dos fungos durante a entressafra até a nova temporada. O Vazio é o período, instituído por lei no Estado, em que o cultivo da soja fica proibido por 90 dias, de 15 de junho a 15 de setembro. O objetivo do Vazio é eliminar a existência de plantas que possam abrigar o fungo, Phakopsora pachyrhizi.
Como explica o engenheiro agrônomo do Indea/MT, Mauro Bortolás, a força-tarefa é passível de execução, já que em cada um dos municípios há pelo menos uma equipe do Indea para ir a campo. “Em propriedades onde não houve uma primeira visita, será feita a notificação caso haja soja guaxa e o dono da área terá um prazo predeterminado para destruir a planta. Serão cerca de dois ou três para se eliminar os focos da ferrugem. Se a notificação não for respeitada, haverá autuação com multas que variam de cinco a 3 mil UPFs”. Atualmente, cada Unidade Padrão Fiscal do Estado está cotada em R$ 30,70.
O Indea/MT, segundo Bortolás, ainda não tem contabilizado o balanço de todas as ações referentes ao Vazio Sanitário. Na unidade em que atua, a de Campos de Júlio (553 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), o engenheiro explica que até agora foram expedidas 26 notificações, das quais duas se transformaram em autuação. Ainda segundo ele, algumas lavouras guaxas foram destruídas por produtores em Nova Mutum (269 quilômetros ao médio norte de Cuiabá).
“Muitas dessas plantas estão às margens das rodovias, o que dificulta a destruição mecânica. Com o trator e o clima seco, prejudica a ação dos herbicidas. Há casos aqui em Campos de Júlio onde, para se livrar da infestação da ferrugem, produtores mobilizaram seus funcionários para destruição manual das plantas, catação mesmo”, completa.