Redação (25/07/2008)- Mato Grosso, o maior produtor de soja do País, deve elevar de 40% para 50% a participação da área plantada com grãos transgênicos no total da safra 2008/09. De acordo com Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), apesar de não haver mais a vantagem do custo, a soja geneticamente modificada facilita a gestão da lavoura. "O controle de ervas daninhas, que é caro, é mais eficiente com o transgênico e a operação da lavoura fica mais simples", afirmou.
Ele argumenta, entretanto, que sempre haverá o plantio de soja convencional no Estado, pela qual o mercado costuma pagar um prêmio de US$ 2 a US$ 3 por saca de 60 quilos. Na safra 07/08, Mato Grosso plantou 5,657 milhões de hectares, 10% mais que no ciclo anterior e colheu 17,38 milhões de toneladas de soja (+15,5%).
Silveira relata que a cada ano surgem variedades de soja transgênica mais adaptadas às condições de solo e clima do Mato Grosso, que são bem diversas. "Antes havia poucas opções para o plantio. A produtividade ainda precisa melhorar, mas acredito que em mais três anos teremos variedades tão eficientes quanto as tradicionais", relatou. A soja transgênica é cultivada especialmente nas regiões sul e norte do Mato Grosso.
Para Seneri Paludo, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), mesmo sem diferença nos custos de produção, parte dos produtores do Estado – especialmente os do médio norte, que respondem por 40% da área de oleaginosa no Estado – deve seguir plantando soja convencional. "Eles já estão acostumados com essa tecnologia e o processo de substituição é lento", justifica. Paludo também rebate a idéia de que os agricultores recebem mais pela soja convencional. "Estudos mostraram que isso não acontece", afirma.
Segundo ele, a opção pelo plantio se deve mais a uma questão de logística. "No oeste do Estado, há um corredor de exportação onde se planta 100% de soja convencional. Não passa transgênico", diz.