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Uso de fungicidas trinzóis pra controle da ferrugem asiática

<p>Na safra 2007/08 foram observadas populações menos sensíveis de ferrugem a triazóis em regiões de MT, MS e GO.</p>

Redação (10/07/2008)- Na safra de soja 2007/2008 alguns produtores tiveram dificuldades para controlar a ferrugem asiática com alguns fungicidas do grupo químico dos triazóis, sobretudo com o tebuconazole, que certamente é o fungicida mais usado para o controle da ferrugem dentre os disponíveis neste grupo. Este fato foi assunto de debate em algumas reuniões, principalmente nos estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, sendo que algumas instituições e associações se manifestaram a respeito, orientando os produtores de soja sobre o uso desses fungicidas na próxima safra. Como exemplo citamos os comunicados feitos pela Aprosoja (http://www.aprosoja.com.br/novosite/noticiav.php?noticia=4442), pela Aenda e Abifina (http://www.aenda.org.br/Arquivos/comunicado.pdf), e pela Fundação MT (Fundação MT Em Campo, Ano 5, n° 24, abr/maio 2008).

No dia 26 de junho de 2008, durante a reunião do Consórcio Antiferrugem (CAF) em Londrina, PR, um dos assuntos predominantes foi o uso de fungicidas desse grupo químico para o controle da ferrugem. Com base nos resultados apresentados durante a reunião por diversas instituições de pesquisa integrantes do CAF, o Consórcio tomou a seguinte posição sobre o assunto:

“Na safra 2007/08 foram observadas populações menos sensíveis de ferrugem a triazóis em regiões de MT, MS e GO. Em decorrência desse fato o CAF orienta que nessas regiões sejam utilizadas preferencialmente misturas de estrobilurina e triazól. Nas demais regiões do País, onde não foram observadas populações menos sensíveis, tanto a mistura de estrobilurina e triazól ou o triazól isoladamente podem ser utilizados. Deve-se evitar aplicações em situação de alta pressão de doença e de forma curativa. Para todas situações seguir as estratégias anti- resistência recomendadas pelo FRAC”.

A Embrapa Agropecuária Oeste é signatária desse posicionamento do CAF, e orienta os produtores de soja, principalmente dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar ou reduzir ao máximo os prejuízos provocados por esta doença, a fim de que o cultivo de soja continue sendo viável e rentável ao produtor.

Entre os cuidados para o manejo da ferrugem, ressalta-se a observação do período de vazio sanitário. Essa estratégia tem mostrado resultado desde o início de seu emprego nos estados que a adotaram, retardando a ocorrência da doença. Além do vazio sanitário, outra medida que pode ser tomada é o planejamento da semeadura, de modo que seja realizada no início da estação de cultivo, de acordo com o zoneamento agroclimático de cada região. Como o fungo causador da ferrugem se multiplica rapidamente (cerca de 6 a 8 dias entre um ciclo e outro da doença), a quantidade de inóculo tende a aumentar rapidamente com o passar dos dias. Por isso, as semeaduras realizadas mais cedo sofrerão menor pressão da doença.

Após a instalação da lavoura, a palavra de ordem é monitoramento. O momento ideal para aplicação de fungicidas para o controle da ferrugem é quando surgirem as primeiras pústulas da doença. E para que isso seja possível, é necessário vistoriar a lavoura freqüentemente, intensificando a vistoria após o florescimento da soja, quando as chances de ocorrência da ferrugem são maiores. É necessário vistoriar as lavouras pelo menos duas a três vezes por semana, para se efetuar uma boa amostragem, e na hora de aplicar o fungicida, deve-se atentar para a tecnologia de aplicação, observando-se as regulagens dos equipamentos de pulverização, as condições climáticas no momento da aplicação, o volume de calda e o tamanho de gotas, além de outras recomendações dos fabricantes de fungicidas.

Finalmente, a aplicação preventiva de fungicidas, quando realizada, deve basear-se em critérios técnicos, levando-se em consideração o estádio de desenvolvimento da soja, a capacidade operacional, as condições climáticas, a situação da ferrugem na região e a ocorrência de outras doenças. Como a ferrugem se dissemina muito rapidamente na lavoura, é importante atentar para não perder o ponto ideal de aplicação do fungicida, pois alguns dias de atraso podem comprometer toda a estratégia de controle. O que não pode é aplicar fungicidas “preventivamente”, quando na verdade não se sabe se a doença já se instalou na lavoura, por falta de monitoramento ou de conhecimento técnico para a identificação da doença.

Não há dúvida que a produção de soja tem exigido cada vez mais conhecimentos e habilidades da assistência técnica e dos produtores, que precisam de capacitação e atualização constantes.