Redação (03/07/2008)- O Brasil poderá ter problemas para exportar soja transgênica para a União Européia no futuro próximo. A comissária para Agricultura do bloco, Mariann Fischer Boel, aponta que há sinais preocupantes de que variedades de organismos geneticamente modificados não aprovados pela UE começaram a ser usados nas plantações da soja brasileira. "Nada aconteceu ainda, mas pode acontecer", diz o porta-voz da comissária, Michael Mann.
O uso de transgênicos já é muito contestado na Europa e divide seus países-membros. É por isso que a aprovação de novas variedades pela agência responsável, a EFA, tem demorado tanto tempo, cautela que reflete uma preocupação política no bloco. O porta-voz não detalhou as evidências de uso de transgênicos na soja exportada, que tem uma margem de tolerância para o total transgênico encontrado nas cargas de 9%. E este percentual é contestado por alguns países, que o acham elevado.
Uma forma encontrada para se precaver do problema é melhorar a eficiência do sistema de licenciamento e aprovação da UE, que, segundo Mann, é muito lento.
Em Brasília, o vice-presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Edilson Paiva, disse não entender a declaração da comissária. Isso porque o único plantio comercial permitido no país é o da variedade RR, da Monsanto, aprovada em 1998 e exportada inclusive para a UE. Os demais experimentos têm fins de pesquisa, longe de aprovação comercial. O Brasil tem 60% de sua produção de soja transgênica.