Redação (23/11/2007)- Apesar de as cotações da soja estarem batendo sucessivos recordes na Bolsa de Chicago (CBOT) – atingiu no dia último dia 20 o valor de US$ 11 centavos de dólar o bushel, o maior desde junho de 1988 – consultorias agroeconômicas orientam produtor a suspender as vendas antecipadas até janeiro, quando a confirmação de fundamentos altistas podem elevar as cotações do bushel a níveis entre 12 e 13 centavos de dólar.
Até agora, em torno de 18 milhões de toneladas de soja já foram negociadas, referentes à lavoura de soja que está sendo cultivada no Brasil, o que significa 30% da safra (2007/08), estimada em 59,4 milhões de toneladas por órgãos oficiais. Em dólar, o volume foi negociado muito próximo ou acima de 10 centavos de dólar por bushel, valor recorde para venda antecipada, , segundo Anderson Galvão, diretor da Céleres.
"Mas, está nítido que os preços da soja estão mudando de patamar, e nada impede que a soja chegue a valer 13 centavos de dólares por bushel, o que vai alcançar US$ 24 (a saca de 60 quilos) no Brasil. Por essa circunstância, o produtor não pode mais vender até janeiro, quando essa definição vai ocorrer", alerta Galvão, que se refere à posição mais clara sobre a colheita na América do Sul.
Essa recomendação, pondera Galvão, é generalista e considera que cada produtor deve decidir o que vender garantindo sua margem de segurança. Apesar da alta, em alguns estados há casos em que a fixação de preços ficou baixa, na média, perto dos níveis em que o mercado fixou no segundo semestre. Em Mato Grosso, que costuma fixar preços mais cedo do que em outros estados, isso aconteceu. Na Cooperativa Agropecuária Industrial Celeiro do Norte (Coacen), em Sorriso (MT), houve negociação em 2006 para entrega com soja da safra 2007/08. Na época, Chicago estava em 6 centavos de dólar o bushel (atualmente está 11 cents) , conta Argino Bedin, produtor e cooperado da Coacen, que deve produzir 6 milhões de sacas de soja nesta safra. "Na época, o preço parecia muito bom. Hoje vemos que não era", constata Bedin.
Mas, apesar de o mercado considerar fortemente a possibilidade de a soja bater 13 centavos de dólar por bushel, nenhum especialista "assina em baixo", afirma Gonzalo Terracini, analista de gerenciamento de risco da FCStone. Mas essa especulação tem uma forte razão para existir, segundo Galvão. E ela é a co-relação do comportamento dos preços do óleo de soja e do petróleo que, neste ano atingiu nível "conceitualmente bastante elevado".
"Até este momento de 2007, 87,3% da variação do petróleo foi transferida para as cotações do óleo de soja, comportamento que no ano passado foi nulo e que, em 2005, perto de 2%", argumenta Galvão. Para ele, isso mostra tendência de que preços da soja passarão a ser direcionados pela cotação do óleo (e, conseqüentemente do petróleo) e não mais do farelo, como até então vinha ocorrendo.
A falta de "limites" para o preço da soja ganha força com a firme demanda da China que não arrefeceu, mesmo diante dos altos preços da commodity. E essa sustentação também tem apoio no enfraquecimento mundial da moeda americana, que amortece a valorização forte dos preços da soja na CBOT, na avaliação de Terracini. "A tonelada do grão posto em território chinês custa US$ 540, valor muito elevado em dólar", completa.