Redação (07/08/07) – No mesmo dia em que a Comissão Européia proibiu as exportações, pelo Reino Unido, de animais vivos, carne e produtos lácteos por conta do foco de febre aftosa confirmado na sexta-feira (03/08) numa fazenda no sul da Inglaterra, veterinários britânicos começaram ontem (06/08) à noite a sacrificar animais de um segundo rebanho suspeito de estar infectado com a doença num esforço para evitar que a enfermidade se espalhe. Os veterinários sacrificaram um novo grupo de 50 animais suspeitos de ter a doença, segundo a chefe do serviço veterinário britânico, Debby Reynolds.
As vacas estavam dentro de um raio de três quilômetros do primeiro foco, dentro da zona de proteção estabelecida na sexta-feira ao redor da fazenda onde foram encontrados 39 animais infectados com aftosa. A propriedade onde o foco foi encontrado fica perto de Guildford, em Surrey, no sul do país. Todo o rebanho de 64 animais foi sacrificado.
Os especialistas em biossegurança suspeitam que um laboratório de saúde animal, a seis quilômetros do fazenda, pode ser a fonte da doença. Eles também consideram a possibilidade de que inundações tenham ajudado a disseminar o vírus.
O laboratório, suspeito de ser a fonte do vírus, é partilhado pelo Instituto de Saúde Animal, que pertence ao governo, e pela Merial Animal Health, que pertence à gigante americana Merck e à francesa Sanofi-Aventis. Segundo o governo britânico, a cepa do vírus encontrada nos animias doentes era usada na produção de vacinas pela Merial. A empresa disse que não há evidência de brecha na biossegurança, e o Instituto de Saúde Animal disse que uma checagem dos registros encontrou um "uso limitado" do vírus nas últimas quatro semanas.
Na Cidade do México, o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes disse, que o governo brasileiro vai esperar antes de se manifestar sobre o foco de aftosa no Reino Unido. "Temos que ter um comportamento de tranquilidade em relação a isso (…). Tudo indica que é um virus de laboratório e isso deve estar sob controle", disse.
Para Stephanes, o Brasil terá de esperar qualquer decisão dos organismos oficiais, "até porque não importamos carne da Inglaterra".
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Pratini de Moraes, o episódio na Inglaterra mostra que "não existe risco epidemiológico zero" . Segundo ele, o ressurgimento da doença após seis anos, indica que "alguns países não fizeram seu dever de casa".
Para Pratini, as vendas brasileiras de carne bovina podem ser beneficiadas por conta da doença no Reino Unido. Mas na opinião de Pedro de Camargo Neto, da Abipecs, o ressurgimento da aftosa prejudica todos os países que ainda têm a doença.