Redação (18/06/07) – À sua espera estará uma missão de empresários liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) atraída pelos planos indianos de injetar US$ 350 bilhões na melhoria da infra-estrutura do país até 2012 e atenta a potenciais negócios nas áreas de tecnologia de informação e biocombustíveis.
Lula, que faz sua segunda visita ao país em três anos, participará de dois eventos empresariais às margens de seus compromissos políticos. Na prática, o exercício bem-sucedido de ambos os governos de liderarem juntos o G-20 – grupo de economias em desenvolvimento que atua na negociação do capítulo agrícola da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC)- será posto em xeque nas relações econômico-comerciais dos dois países.
A ambiciosa meta prevê um salto da corrente de comércio de US$ 2,41 bilhões, em 2006, para US$ 10 bilhões em 2010 e a possível superação do déficit para o Brasil, de US$ 537,3 milhões no ano passado. Esse objetivo foi traçado em abril com base no fato de o comércio bilateral ter dobrado entre 2004 e 2006 – de US$ 1,207 bilhão para US$ 2,41 bilhões – e na expectativa de expansão do limitado acordo de preferências tarifárias firmado entre o Mercosul e a Índia em 2005.
” Precisamos consolidar esse processo de parceria estratégica com a Índia para explorar nossas competências recíprocas” , diz o embaixador Roberto Jaguaribe, subsecretário-geral de Assuntos Políticos do Itamaraty. ”A China não deixa um segmento produtivo brasileiro em paz. A Índia não é assim. O país é referência em várias áreas, uma democracia real e sempre nos propôs parceria ativa no cenário internacional. É inevitável para o Brasil ter uma relação especial com a Índia.”
O estudo ” As Relações Comerciais Brasil-Índia: Oportunidades para o Brasil” , concluído na sexta-feira pela CNI, mostra claramente que ambos os países não competem de forma significativa no mercado mundial. Mas constata que o comércio bilateral é muito limitado e de difícil expansão.
A Índia, hoje, ocupa fatia menor que 1% nas exportações brasileiras. Três produtos respondem por 48% das vendas ao mercado indiano: óleos brutos de petróleo, sulfetos de minério de cobre e óleo de soja. O Brasil tampouco conta com parcela maior que 1% nos embarques indianos. A Índia, porém, pode figurar entre os mercados mais dinâmicos para os produtos brasileiros. Seu traço protecionista – a tarifa de importação mais apli cada a produtos de interesses do Brasil é de 30% – levou a CNI a recomendar ao governo brasileiro a negociação de acordos comerciais mais ambiciosos.
” Nenhum dos dois países é um sócio relevante para o outro. Apesar disso, há muitas oportunidades a serem exploradas por empresas brasileiras no mercado indiano” , diz o estudo.
No dia 4, Lula vai inaugurar a 1ª Reunião do Fórum de Negócios Brasil-Índia, grupo permanente que agregará 15 dirigentes de empresas de cada país e terá o objetivo de estudar negócios e investimentos bilaterais. Nesse fórum, estarão representados os sete setores considerados centrais para a parceria estratégica: infra-estrutura, biocombustível, aeroespacial, tecnologia de informação, agronegócio, logística e automotivo. No dia 5, Lula encerra o seminário empresarial ” Uma Nova Fronteira para as Oportunidades de Negócio” .
Essa iniciativa levará à Índia representantes de cerca de 50 empresas brasileiras. Os projetos de infra-estrutura da Índia arrastarão a Nova Délhi as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Escudada em recente acordo de cooperação com a indiana Oil and Natural Gas Corporation (ONGC), a Petrobras tem planos de explorar e produzir gás e petróleo na Índia. A ONGC, por sua vez, deverá investir em um campo de petróleo da Bacia de Campos. Também estão no grupo a Atech, Embraer, Variglog e Marcopolo.