Redação (30/05/07) – Segundo o presidente da JBS, Joesley Mendonça Batista, a operação de US$ 1,4 bilhão deve ser concluída até julho.
A integração da JBS e da Swift, segundo a J&S, deve resultar, quando concluída, "na criação da maior empresa do mundo no setor de alimentos de proteína de origem bovina e da maior empresa brasileira na área alimentícia".
Segundo Batista, a compra será financiada com US$ 400 milhões provenientes do caixa da J&F e com uma captação de US$ 1 bilhão em nome da própria Swift, nos Estados Unidos.
Desse total, US$ 600 milhões virão da emissão de dois títulos de US$ 300 milhões no mercado norte-americano e os US$ 400 milhões restantes previstos na captação virão de um empréstimo bancário nos Estados Unidos, por meio de uma conta garantida. Batista explicou que mais de US$ 300 milhões ficarão como saldo desta operação bancária, para ser usado no futuro.
Batista disse que a aquisição representa um passo significativo para a indústria de carne bovina no Brasil, na América do Sul e em escala global. Segundo ele, a posição estratégica que o negócio garante para o novo grupo é "indiscutível". A nova empresa estará presente nos EUA, no Brasil, na Argentina e na Austrália, que, em conjunto, representam 45% do consumo mundial de carne bovina.
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Fusão da JBS e da Swift deve resultar na maior empresa do mundo no setor de carnes
Com a aquisição, a JBS também passará a ter participação no segmento de carne suína –a Swift é a terceira maior empresa do segmento nos EUA (atrás da Smithfield e da Tyson Foods).
Batista disse que, nesse segmento, a JBS "tem mais a aprender que a ensinar" e que a entrada no setor representa uma oportunidade importante para aproveitar o potencial do mercado de carne suína nos EUA. Ele estimou que no prazo de seis meses a um ano, a empresa poderá avaliar seu desempenho e decidir se colocará a divisão de suínos à venda.
A aquisição da Swift será feita por meio das subsidiárias integrais da J&F, a J&F Acquisition Co., a J&F I Finance Co. e J&F II Finance Co., sociedades com sede nos EUA. A empresa, no entanto, já adiantou que prevê transferir os direitos e obrigações para a subsidiária JBS até o fechamento da operação. Também antecipou que deve fundir as atividades do negócio de carne da JBS com a Swift.
O grupo JBS é o maior grupo produtor e exportador de carne bovina da América Latina. Tem 22 plantas de processamento no país além de mais cinco unidades em três províncias argentinas. A empresa teve lucro de R$ 10,6 milhões no primeiro trimestre do ano, 67% inferior aos R$ 32,3 milhões de igual período de 2006.
Ganhos
O crescimento do novo grupo, segundo Batista, estará focado em reduções de custos fixos e variáveis. Os cortes de gastos e, por conseqüência, o aumento dos lucros, viriam com a redução de cadeias de vendedores e atuação direta com fornecedores e consumidores, além de manter a operação própria, já em prática, das operações de importação e exportação.
O presidente da JBS destacou também as reduções de custos com frete pelo transporte da carne para suprir os mercados –ele lembrou que a Swift já dispõe de 120 carretas e que é preciso expandir essa frota.
Sobre as interdições da carne produzida nos EUA no Japão e da Coréia do Sul, Batista afirmou que o foco da empresa não estará na abertura de novos mercados.
O Japão já foi o maior mercado para a carne produzida nos EUA em termos de valor (a Coréia do Sul já esteve na terceira posição). Em 2003, porém, a carne americana foi banida dos mercados dos dois países depois de detectados casos da encefalopatia espongiforme bovina, doença conhecida como o "mal da vaca louca", em rebanhos nos EUA.
Durante a teleconferência, Batista afirmou também que a compra da Swift não representa uma mudança na estratégia atualmente em curso da empresa de consolidar sua atuação nos países do Mercosul. A empresa americana ainda pretende lançar, por exemplo, um selo comemorativo na Argentina, para comemorar os 100 anos de presença no país vizinho.
Sobre os planos futuros, Batista destacou uma aquisição recente no Paraná e três novas oportunidades a serem avaliadas na Argentina, mas não forneceu detalhes sobre estas oportunidades.
Questões trabalhistas
Batista lembrou que não há passivos trabalhistas na Swift –no ano passado, cerca de 1.300 empregados da empresa foram detidos em uma ação do serviço de imigração nos EUA em fábricas de seis Estados. Segundo ele, a Swift não dispunha de meios para verificar a autenticidade dos documentos dos imigrantes ilegais, que foram demitidos.
Ele explicou que, à época, foram recontratados funcionários para repor os cargos que ficaram vagos e que foram solucionadas as pendências trabalhistas.