Redação (04/05/07) – Em menos de uma década, o Brasil não só entrou no mercado internacional de milho como também superou duas posições: a da Ucrânia e da China. Apesar de as estimativas do Usda indicarem uma exportação de 6,5 milhões de toneladas para a safra atual, as apostas do setor são de até 8 milhões de toneladas, uma vez que a safrinha do cereal será recorde: acima de 14 milhões de toneladas. Grande parte do que será comercializado com o exterior virá da safrinha.
Segundo projeções da AgraFNP, se os embarques continuarem no ritmo atual, quando começar a colheita da segunda safra, o País terá exportado cerca de 2,3 milhões de toneladas – quase o dobro do mesmo período do ano passado. Na avaliação do pesquisador do IEA Alfredo Tsunechiro, os embarques brasileiros continuarão em trajetória ascendente, sendo a segunda safra a principal fornecedora para o mercado internacional – pois o plantio da primeira concorre com a soja, que está em um momento de preço atrativo. "A safrinha é que vai consolidar a nossa posição", afirma Tsunechiro.
No acumulado do ano, as exportações de milho somam 1,7 milhão de toneladas, sendo 564 mil toneladas no ano passado. "O mercado exportador está muito positivo, se analisarmos que o foco é o segundo semestre", diz Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP. Ele lembra que cerca de metade da segunda colheita do cereal do Paraná e aproximadamente 70% da safrinha de Mato Grosso foram vendidas antecipadamente. Teoricamente este volume poderia ser embarcado. Juntos, os dois estados vão colher 9,6 milhões de toneladas do grão na segunda safra.
Tsunechiro explica que apesar de ter subido de posições de uma forma rápida, a tendência é que o Brasil permaneça na terceira colocação nos próximos anos porque o segundo maior exportador, a Argentina, embarca praticamente o dobro do País. "É difícil ultrapassá-los", avalia.
Mas a terceira posição não tem como ser alcançada por outro país, segundo Barros. Ele argumenta que nos próximos anos nem a China nem a Ucrânia conseguem aumentar seus volumes – os chineses podem passar, inclusive a importadores do cereal. "Por hora, não há concorrente", avalia. O analista acrescenta que o País tem ainda outro trunfo, além do volume: o fato de produzir milho não-transgênico, o que poderia abrir mercados na Europa. Os principais compradores do Brasil hoje são Irã, Coréia do Sul e Espanha.