Redação AI (12/04/07) – O VIII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, realizado nesta semana, no auditório do Bristol Lang Palace Hotel, em Chapecó, abordou o tema “Vacinas e vacinações em frango de corte”, com o professor Luiz Felipe Caron, que expôs que o uso de vacinas teve seu início no final do século XVIII, e no final do próximo século ganhou força com aplicação de preceitos básicos da microbiologia, que nesta época surgia como ciência embasada por comprovações.
Apontado como um dos melhores palestrantes da edição anterior do Simpósio, Caron prendeu a atenção do público ao apontar que na atualidade, a velocidade com que esta nova ciência, atualmente chamada vacinologia, evoluiu, gerou avanços inquestionáveis e melhorias na qualidade de vida do ser humano, bem como no manejo sanitário dos animais domésticos com interesse produtivo ou não, fomentando a segurança alimentar. De outro lado, sofreu com a intensa evolução, transformações aliadas ao mau uso de uma ferramenta, que é, em última análise, a definição mais clara de vacina.
A necessidade de vacinas, tal como sua disponibilidade, sempre esteve associada aos momentos históricos que impulsionaram seu desenvolvimento. Inicialmente na população humana, uma vez que a ocorrência de doenças graves aumentava exponencialmente, como a varíola e a raiva, duas situações que determinaram a “invenção” das vacinas e da mesma forma nas diferentes espécies animais, quando um desafio muito intenso no desenvolvimento da exploração ou na saúde do indivíduo exigiu uma ferramenta de controle eficaz e viável.
Imitando a natureza – Novamente o exemplo da raiva, também da febre aftosa, da peste suína clássica e agora da influenza aviária. “Na verdade não houve invenção de vacinas, o que fazemos é tentar “imitar” a natureza, ou seja, acreditar que estamos promovendo um equilíbrio que aparentemente interessa à nossa sobrevivência e melhora a exploração das atividades pecuárias”, explicou Caron.
É um paradoxo, mas a busca por este equilíbrio culmina muitas vezes com desequilíbrios ou necessidades diferentes das almejadas, as quais exigem competências e redirecionamentos constantes. “Tentamos desequilibrar ao nosso favor, afinal somos os agentes desta evolução, mas tecnicamente perde-se a capacidade de questionamento em muitas situações, pois a disponibilidade e uso de vacinas impulsionam um mercado dependente, que absorve as novas tecnologias, sem muitas vezes entender o princípio do uso destas vacinas e as questões que determinaram seu desenvolvimento”, diz.
O princípio da vacinação baseia-se na interação de um hospedeiro e um antígeno (agente estranho) que incita a resposta imune adaptativa deste hospedeiro. Esta resposta é uma fase da defesa do animal (entenda-se também o homem como animal) que surge posterior a chamada resposta inata. É importante esta divisão, pois na exploração avícola investir na imunidade inata não significa vacinar, mas investir em mecanismos de defesa inespecíficos, como raça, nutrição, ambiente adequado, biossegurança entre outros, contra desafios de campo.