Redação (30/03/07) – O acordo permitirá que os governos brasileiro e britânico intensifiquem a pesquisa e o intercâmbio científico – especialmente nas áreas de biotecnologia, mudança climática e solo – e trabalhem em conjunto para transferir tecnologia avançada de produção em climas tropicais para países da África.
A cerimônia, realizada no gabinete do ministro Reinhold Stephanes, contou com a presença do diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, e do chefe da divisão de fitopatógenos do Rothamsted, John Lucas, bem como do conselheiro científico do governo britânico, sir David King, e do embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Collecott.
Ao comentar a importância do intercâmbio tecnológico, o ministro Stephanes salientou que para resolver os problemas ambientais, sociais e econômicos do planeta é necessário investimentos em pesquisa e conhecimento. “De agora em diante, todo o esforço para ampliar a produção deve passar pela melhoria da produtividade e pela recuperação de terras degradadas, sem destruição de florestas”, comentou.
David King também alertou para o esgotamento dos recursos naturais. “O planeta já tem 6,4 bilhões de habitantes e alguns recursos naturais, como água, se tornarão escassos. Precisamos de outra revolução verde para abastecer o mundo. O Brasil tem muito a colaborar para que alcancemos esta meta e resolvamos os problemas com diálogo e intercâmbio.”
John Lucas e Sílvio Crestana, signatários do memorando, salientaram que a intenção do acordo é avançar na discussão sobre a gestão da transferência de conhecimento (área em que o Reino Unido tem mais experiência), para que a Embrapa possa apoiar países em desenvolvimento na África: “Estamos montando aqui uma agenda triangular, em que Reino Unido e Brasil, que têm conhecimentos complementares, podem atuar em prol de países africanos, que demandam 90% da transferência de tecnologia feita pela Embrapa”, afirmou Crestanda.
Na reunião, as partes discutiram também a criação de um Comitê Consultivo Brasil-Reino Unido, para ampliar o intercâmbio científico, e a extensão do Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior (Labex Europa) para Rothamsted. "Já começamos a discutir melhor este assunto”, adiantou o chefe-interino da Área de Relações Internacionais (ARI) da Embrapa, Washington Silva.
COOPERAÇÃO TRIANGULAR – As áreas de destaque para o desenvolvimento de pesquisas acordadas no memorando são: ecologia química, biotecnologia, solos, ecologia, modelagem de mudanças climáticas (incluindo o controle de doenças e mitigação por meio de agroenergia) e nutrigenômica e alimentos funcionais. A cooperação será implementada com a execução de projetos de cooperação técnica (PCTs) e com bolsas de estudos.
O memorando de entendimento com o Rothamsted Research – um dos mais tradicionais institutos de pesquisa do Reino Unido (veja outras informações abaixo), terá duração de cinco anos e faz parte das atividades do Ano Brasileiro-Britânico da Ciência & Inovação. Este evento é resultado da iniciativa dos governos brasileiro e britânico que, em 2006, durante visita do presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Reino Unido, firmaram um plano de ação nos campos da ciência, tecnologia e inovação.
Sobre o Rothamsted Research – é o maior e mais experiente instituto de pesquisa de agricultura no Reino Unido. Seu principal objetivo é entregar estudos científicos de alta qualidade sobre gestão sustentável do solo e impacto ambiental. O trabalho de pesquisa integra estudos fundamentais em genética, genoma, biologia celular, química biológica e microbiologia com investigações sobre o solo e processos de ecosistema. Há ligações com bioinformática, biomatemática e abordagens diferenciadas para compreender sistemas biológicos.