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Governo tenta evitar novas restrições russas à carne

<p>Novos rumores de que a Rússia pode restringir as importações de carne do Brasil circularam ontem, mas o Ministério da Agricultura disse não ter informações sobre o possível fechamento do mercado russo ao produto brasileiro.</p>

Redação (22/03/07) – Segundo a imprensa russa, o país alega que teria ocorrido a falsificação de certificados sanitários no Brasil para permitir a importação de carne de Estados que estão proibidos de vender à Rússia. 

O Ministério da Agricultura se movimenta para evitar novas restrições. A pasta tenta agendar reunião emergencial com autoridades russas na tentativa de esclarecer as medidas tomadas pelo governo brasileiro para minimizar os problemas na certificação das cargas de carnes. A informatização total do sistema de certificação foi proposta, mas o governo russo diz não ter condições de implementar a providência de forma imediata. 

Ontem, a Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) divulgou informações de que a Rússia "suspenderá as importações de carnes do Brasil nas próximas horas". Segundo a Faesc, a informação foi divulgada pelo jornal russo Niezavícema Gazeta, de Moscou. O jornal informa que o governo russo teria chamado todos os veterinários que trabalham no Brasil para voltar à Rússia porque, entre outros motivos, "a inspeção brasileira não reage à solicitação russa de maior controle". Os russos acusam o Brasil de não cumprir algumas normas sanitárias e de que haveria falsificação de certificados sanitários. 

A imprensa russa, segundo a Faesc, informou que, em substituição ao Brasil, a Rússia passaria a comprar carne bovina da Argentina e Uruguai e carne suína da Dinamarca, Noruega e Holanda. 

"O Brasil não cuidou do tratamento com a Rússia, devia ter melhorado as relações comerciais e ampliado a fiscalização sanitária desde o embargo", diz Enori Barbieri, vice-presidente da Faesc. "Essa acusação dos russos pode prejudicar Santa Catarina porque o Estado está na iminência de conseguir reconhecimento pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) de área livre de aftosa sem vacinação". 

O Valor apurou que os veterinários russos ainda estavam no Brasil ontem. A empresa Welby, que trabalha na inspeção sanitária para os russos, mudou de nome para Vetrus, mas continua com sede em Itajaí (SC). Vladimir Prestes, porta-voz da empresa, não foi localizado. Mas, segundo informações obtidas no porto de Itajaí, ontem mesmo houve certificação de carnes por parte dos russos. Embora SC esteja embargada pelos russos, Itajaí é usado para escoamento da produção de diferentes Estados, como o Rio Grande do Sul, que pode exportar aos russos. 

O governo brasileiro argumenta que a existência de um funcionário trabalhando para a Rússia no porto de Itajaí apenas para rubricar os papéis necessários aos embarques é uma garantia adicional de controle pelo lado russo. Se há problemas na certificação, dizem especialistas, também é preciso rever o modelo adotado pela Rússia.