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Mercado Japonês

<p>Mercado Japonês de carne suína é uma possibilidade, mas falta muito trabalho, diz Rubens Valentini.</p>

Redação (20/03/07) – Muito trabalho, foco e planejamento estratégico ainda separam o Brasil do sonho de abertura do importante mercado japonês de carne suína. “Não é impossível, mas temos que rever a abordagem e, no mínimo, nos nivelarmos ao esforço e dedicação praticados por nossos concorrentes”, concluiu Rubens Valentini, Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), ao retornar este fim de semana de uma viagem a Tóquio. Uma missão técnica do governo japonês estará visitando ao Brasil, no segundo semestre, para fazer uma avaliação de campo a partir do novo status a ser obtido pelo estado de Santa Catarina (livre de aftosa sem vacinação) junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)

Valentini integrou a comitiva do governo brasileiro, chefiada pelo Ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes, que participou da 32ª FOOD-EX, a maior feira de alimentos da Ásia. Rubens manteve contatos com o Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão (MAFF), com o qual discutiu a vinda de um representante do mercado japonês para participar do 12º Seminário do Desenvolvimento da Suinocultura, que será realizado em Cuiabá, entre 25 e 28 de abril. Valentini cumpriu também uma agenda com a iniciativa privada japonesa. Os encontros foram agendados com a colaboração do Adido Agrícola do Japão no Brasil, Ichiro Abe, e de Jun Warata, Vice-Diretor da Divisão de Coordenação de Política de Comércio Internacional do MAFF.

Valentini, que foi Coordenador da Assessoria Internacional  do Ministério da Agricultura, durante a gestão de Alysson Paulinelli, usou os contatos desse período, no qual articulou investimentos japoneses no desenvolvimento da agricultura no cerrado brasileiro. Trabalham no MAFF, em Tóquio, vários ex-adidos de agricultura que serviram na embaixada do Japão no Brasil. Na tarde do dia 12 de março, o Presidente da ABCS reuniu-se com quatro desses ex-adidos: Kazuhiko Shimada, Diretor da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal; Hiroshi Yokochi, Vice-Diretor da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal; Hitoshi Kodaira, Diretor do Escritório de Proteção de Cultivares da Divisão de Sementes e Mudas do Departamento de Produção Vegetal; Yoichi Sekiguchi, Ex-Diretor da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal e atual Presidente da Associação de Aviação Agrícola do Japão. Rubens acredita que o encontro foi de fundamental importância para estreitar os laços com as autoridades japonesas e obter apoio interno para os pleitos brasileiros a serem desenvolvidos junto a outras áreas do Ministério.

Rubens assinala que todos os presentes à reunião conheciam previamente a agenda e os interesses que organizaram a viagem do Presidentes da ABCS ao Japão. “E eles manifestaram de forma discreta, porém decidida, o interesse de interceder junto aos seus colegas dos departamentos envolvidos”.

O DESTAQUE PARA AVES

Ficou evidente que a participação das empresas brasileiras na área de carnes foi focada no mercado de avicultura. “Fora do catálogo da ABIPECS e do seu relatório anual, não tinha qualquer tipo de material sobre a suinocultura brasileira”, observou Rubens. É de se destacar que o Brasil responde hoje por 90 por cento do frango importado pelo Japão. Um detalhe importante observado por Rubens Valentini: na solenidade de abertura, o Ministro Luiz Carlos Guedes foi depois do Ministro italiano da mesma pasta, revelando a maior importância conferida ao Brasil. E a Itália esteve presente à FOOD-EX com nada menos que 200 diferentes empresas.

Diferentemente da atitude brasileira, ficou patente a agressividade e a qualidade do trabalho dos países que hoje dividem o mercado de carne suína japonês. Estados Unidos, Dinamarca, Canadá e México (com exportações de 290 mil, 200 mil, 190 mil e 38 mil toneladas respectivamente) deram ênfase à promoção do processo de produção e qualidade de suas carnes, através de farto material técnico e institucional. O Presidente da ABCS entende que o status a ser conquistado por Santa Catarina “não é a solução para os problemas da suinocultura brasileira, mas uma etapa importante que deve ser seguida de ações concretas para conseguirmos efetivamente entrar num mercado de alto nível, disputado da forma mais acirrada”.

JAPÃO VAI CHECAR SITUAÇÃO DE SANTA CATARINA

O Presidente da ABCS reuniu-se com o Vice-Diretor da Divisão de Saúde Animal do Escritório de Assuntos Internacionais de Saúde Animal do MAFF, Norio Kumagai, para discutir os desdobramentos do status que será outorgado pela OIE, em maio, para Santa Catarina. O dirigente, que recebera dois veterinários do MAPA na 2ª feira, manifestou claramente sua preocupação com relação à segurança sanitária do Japão e anunciou que o pleito brasileiro será analisado com rigor.

Os técnicos do MAFF ficaram de dar uma resposta definitiva quanto a participação do órgão no 12º Seminário de Desenvolvimento da Suinocultura. Valentini colocou a ABCS à disposição e insistiu na necessidade de mostrar aos parceiros japoneses a suinocultura brasileira como um todo. Isto ressaltando suas características regionais e seu elevado padrão de bio-segurança, absolutamente independente da bovinocultura.

Valentini reuniu-se ainda com o Executivo da Associação dos Produtores de Suínos do Japão, Yukimasa Shigematsu; com o Gerente-Geral da Divisão de Comercialização de Carnes da Já Zen-Noh Meat Foods Co. Ltda; e com  Norio Taneda, Gerente da Seção de Desenvolvimento de Negócios da mesma companhia. O Presidente da ABCS quer que os produtores japoneses enxerguem o mercado brasileiro como um potencial de negócios e não exclusivamente a partir de uma ótica concorrencial.