Redação SI (05/03/07) – O Ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes, convidou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Rubens Valentini, a integrar uma comitiva do governo brasileiro que seguirá para Tóquio, na sexta-feira, entre outros objetivos para desenvolver negociações visando a abertura do mercado japonês, hoje objeto de restrições sanitárias para carne suína oriunda do Brasil. O Japão sozinho importou, em 2006, um volume mais de duas vezes superior às 525 mil toneladas exportadas no mesmo período pelo Brasil.
Para Valentini, além de significar uma importante ampliação das oportunidades comerciais para a carne suína brasileira, o Japão representa não só a mais dinâmica fatia do mercado, mas também a que melhor remunera a carne suína no plano internacional. Para abrir essa fronteira, Valentini pretende apresentar a suinocultura brasileira como uma oportunidade de negócios para os próprios japoneses. Nesse sentido, o presidente da ABCS vai convidar representantes de cooperativas de produtores do Japão para vir ao Brasil, inclusive para analisar a possibilidade de formação de joint-ventures com capital nipo-brasileiro.
A grande dificuldade inicial para a abertura de negociações com o Japão é o fato deles não reconhecerem os critérios de regionalização já incorporados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A partir dessa perspectiva, eles exigem que o Brasil seja isento de febre aftosa como um todo. E, para nós, isto é duplamente complicado. Primeiro porque a febre aftosa não é um problema da suinocultura, mas sim da bovinocultura. Segundo porque considerando as dimensões do Brasil e o estágio da febre aftosa na América do Sul e na América Central é muito provável que se transcorram muitos anos até que nosso País possa ser integralmente considerado livre de febre aftosa, com ou sem necessidade de vacinação.
O presidente da ABCS entende que é preciso negociar com os japoneses esclarecendo as características brasileiras e, sobretudo, fazendo uma analogia com o que ocorre na Europa. “A Europa Ocidental – cujo tamanho é menor do que o do Brasil – convive com doenças inscritas no código da OIE, sem que isso crie barreiras comerciais que prejudiquem os países vizinhos àqueles onde se registram as ocorrências”, comentou Valentini.
A quase totalidade da produção japonesa é feita através de cooperativas que desenvolvem, processam e comercializam os produtos de origem suína. Considerando-se o fato de que o Japão não pode mais aumentar a produção de suínos em função de restrições ambientais, o incremento da capacidade de produção industrial dessas cooperativas passa pela importação de matéria-prima. É nesse sentido que o presidente da ABCS destaca a importância do contato direto entre produtores brasileiros e produtores japoneses, que representam exatamente o segmento que impõem resistências às importações. Isto tanto pelo aspecto da contaminação dos plantéis quanto pelo impacto econômico causado pelos produtos importados.
O Ministro da Agricultura chefia a delegação brasileira que participará da 32ª edição da FOODEX, em Tóquio, a feira de alimentos mais importante da Ásia, na qual o Brasil estará ocupando um pavilhão com mais de 300 metros quadrados. A bioenergia será um dos assuntos mais importantes da pauta de negociações entre o Brasil e o Japão.