Redação (06/02/07) – Especialistas veterinários da União Européia (UE) se reuniram nesta terça-feira, em Bruxelas, para analisar a situação no bloco após o reaparecimento, em Hungria e Inglaterra, do vírus H5N1 da gripe das aves, que provocou uma nova vítima mortal no Egito. Apesar da volta da doença à UE, após seis meses de ausência, os especialistas europeus não tinham previsto tomar “novas medidas” no encontro desta terça-feira, em que britânicos e húngaros apresentaram um panorama da situação em seus países, ressaltou Michael Mann, porta-voz da comissária européia de Agricultura, Marian Fischer Boel.
Mann lembrou o bom funcionamento do sistema estabelecido pela UE após a crise de 2006, quando 14 países do bloco se viram afetados pela gripe aviária: sacrifício das aves do foco detectado, isolamento e proibição do transporte de animais em um raio determinado.
Neste sentido, a Grã-Bretanha concluiu nesta terça-feira a matança de 160.000 perus da granja infectada pelo vírus H5N1, tal como fez a Hungria no fim de janeiro na granja de gansos onde foi detectada a doença.
A estes dois casos dentro da UE, somou-se na segunda-feira um foco de gripe aviária perto de suas fronteiras, no sudoeste da Rússia.
Embora o vírus ainda não tenha provocado vítimas humanas fatais na Europa, ele já matou mais de 165 pessoas em todo o mundo, a maioria na Ásia, desde 2003, segundo o balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na noite de segunda-feira, um adolescente morreu afetado pelo vírus H5N1 no Egito, elevando para doze o número de pessoas mortas pela doença neste país africano.
A situação no país é particularmente preocupante, já que segundo a OMS, alguns dos casos humanos registrados ali eram afetados por uma forma de mutação do vírus H5N1, que reduz os efeitos do Tamiflu, principal medicamento na luta contra a doença.
No entanto, todos os casos no Egito foram detectados entre pessoas que trabalham diretamente com aves. Apesar de ter se tornado resistente ao Tamiflu, por enquanto o vírus continua sendo transmissível só dos animais aos seres humanos.
O contágio entre pessoas, que poderia dar origem a uma perigosa pandemia, ainda é inexistente.
Por esta razão, a Comissão Européia se declarou “satisfeita” com a “reação e a eficácia” das autoridades britânicas em enfrentar a situação, que por enquanto se mantém circunscrita na UE à área de “doença animal”.
De qualquer forma, França, Holanda e Suécia já anunciaram o reforço de seus controles para evitar o aparecimento de novos focos da gripe das aves, algo que será difícil de conseguir levando em conta que o atual ressurgimento já tinha sido antecipado pela OMS.
Segundo especialistas da organização, o vírus está vinculado ao frio e se propaga facilmente nesta época do ano no hemisfério norte.
Quanto ao aspecto mundial, a UE não escondeu sua preocupação pelos embargos de importações avícolas britânicas anunciados por Rússia, Japão e Ucrânia.
Qualquer embargo global é “completamente desproporcional”, disse na terça-feira Michael Mann, prometendo que a Comissão fará “tudo o possível” para por um fim a estas proibições.
A Hungria havia sofrido o mesmo tipo de medida no fim de janeiro por parte de Rússia, Sérvia, Macedônia e Croácia.