Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

A importância das raças nativas de suínos no Nordeste brasileiro

<p>A carência de informações a respeito da criação de suínos no Nordeste brasileiro passa a impressão de que esta atividade não possui inserção na economia ou na vida dos agricultores familiares.</p>

Redação (19/01/07) – A dificuldade em encontrar dados censitários e estatísticos detalhados, consistentes e atualizados sobre as atividades agropecuárias no Brasil tem sido foco de preocupação de pesquisadores, políticos e empresários, limitados pela falta de informações que orientem planos e decisões estratégicas com a necessária agilidade (Garcia et al.,2003).

Contudo, a suinocultura exerce papel representativo tanto no aspecto econômico quanto no social. Com os incentivos que a agricultura familiar vem recebendo, com os trabalhos de conscientização sobre a qualidade da carne suína e com a nova tendência voltada para a produção orgânica, abre-se uma janela para que a atividade possa crescer, se diversificar e ser opção para que haja aumento de renda para o agricultor familiar (Moreira, 2005).

Em regiões que possuem condições climáticas severas para a criação de suínos, as raças nativas possuem melhor desempenho que as raças importadas, principalmente quando criados de forma extensiva, com alimentação deficiente e em condições higiênico-sanitárias mínimas. Todavia, Cavalcante Neto (2002) informa que a crescente procura por populações de suínos mais produtivos, aliados à importância que se tem dado à pureza racial, tem causado, não somente nos suínos, mas em praticamente todas as espécies de animais domésticos, uma redução no número ou até mesmo eliminação de linhagens e raças, com conseqüente perda de material genético.

As raças nativas podem ser fonte de genes capazes de melhorar a resistência de raças exóticas, pois se deve considerar que, quanto mais produtivas forem as raças, maiores serão suas exigências em cuidados sanitários, de alimentação e de instalações. Portanto, a necessidade de se avaliar a rusticidade e a resistência a doenças faz com que os suínos de raças nativas assumam grande importância do ponto de vista genético, considerando-se que estes animais têm sido mantidos por diversas décadas sob seleção natural e podem, eventualmente, apresentar características zootecnicamente importantes e herdáveis, hoje eliminadas, por seleção artificial e dirigida, dos suínos especializados na produção de carne, podendo servir como reserva estratégica para o futuro (Irgang apud Cavalcante Neto et al. 2002).

Os suínos nativos, em vista do seu limitado potencial genético quando comparado às raças melhoradas, apresentam um desempenho econômico inconsistente. No entanto, no contexto da produção orgânica, a utilização de raças nativas é vista como ideal. Por serem mais rústicas e menos exigentes em relação ao manejo e alimentação e possuírem sabor diferenciado em sua carne e derivados (Tkacz e Fedalto, 2002).

No município de Remígio-PB, em recente trabalho, foi constatada a predominância de animais SRD e foi observada a precariedade das condições de manejo, na maioria das criações de suínos, indicando que é necessário a implantação de políticas públicas que auxiliem os pequenos produtores a aprimorar suas condições de manejo, especialmente através da conscientização e do conhecimento a respeito do assunto (Alves et al., 2005).

A falta de uma política de transferência de tecnologia bem como de um diagnóstico preciso da situação suinícola nordestina e potiguar, aliado à falta de assistência técnica, gera o atual quadro de isolamento e descaso com a atividade.

Faviano Ricelli da Costa e Moreira : Médico veterinário, EMATER-RN.
Paula Vivianne Sousa Queiroz – Médica veterinária, UERN.