Redação (10/01/07) – O Conselho Argentino para a Informação e o Desenvolvimento da Biotecnologia (ArgenBio) – instituição sem fins lucrativos que divulga informações sobre biotecnologia – divulgou ontem um estudo sobre a evolução da adoção transgênicos na Argentina nos últimos dez anos e seu impacto para os agronegócios daquele país.
De acordo com o estudo, a adoção de sementes transgênicas de soja, milho e algodão produziu um rendimento líquido US$ 19,817 bilhões nas cadeias produtivas ligadas a tais culturas. Esse montante considera o valor bruto da produção dos grãos transgênicos, a redução de custos nas lavouras (com adoção de menos agroquímicos) e o impacto do uso desses grãos na pecuária de leite e de corte. O cálculo foi feito com base em um sistema de simulações desenvolvido pelo Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), vinculado ao governo do país.
No caso da soja, adotada desde 1996, os benefícios acumulados alcançaram US$ 19,7 bilhões. Desse total, 77,45% referem-se à renda dos produtores com a venda dos grãos e 13,39% foram destinados aos cofres do Estado, em razão da arrecadação de impostos e direitos de exportação (medida aplicada desde 2002). O restante foi distribuído entre fornecedores de sementes e de herbicidas.
Entre 1996 e 2006, a Argentina elevou a produção total de soja de 11 milhões para 40,5 milhões de toneladas, tornando-se um dos principais exportadores do complexo (grão, farelo e óleo). O estudo não simula qual teria sido o impacto para a economia argentina caso toda a produção fosse convencional. Além disso, não cita os problemas enfrentados para desembarque de navios na Europa, devido à presença de transgênicos, que ainda não são aceitos em boa parte da Comunidade Européia.
Para José Maria da Silveira, coordenador do Núcleo de Economia Agrícola da Unicamp e membro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), o principal ganho proporcionado pela adoção dos transgênicos é a redução do consumo de defensivos. “Ocorre uma redistribuição de ganhos dentro da indústria de insumos. As empresas de sementes passam a ganhar mais, e as de defensivos, menos. Os outros efeitos são difíceis de se medir”, afirma.
Ainda conforme o estudo da Argenbio, o plantio do milho resistente a insetos proporcionou benefícios da ordem de US$ 481,7 milhões (43,19% para produtores, 41,14% para os fornecedores de sementes e 15,67% para o Estado), entre 1998 a 2005. No caso do algodão transgênico com resistência a insetos, também aprovado desde 1998, o valor alcançado com vendas e redução de custos é de US$ 20,8 milhões – sendo 86,19% para produtores, 8,94% para sementeiras e 4,87% para o Estado. O país é o segundo produtor mundial de transgênicos, perdendo para os EUA, com 17 milhões de hectares plantados no ciclo 2005/06.