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Em SC, russo evita falar de embargo

<p>O comportamento do diretor de defesa sanitária animal da Rússia, Evgueni Nepoklonov, que esteve em Florianópolis terça-feira à noite, causou desconforto nas autoridades e representantes do setor produtivo de carnes suínas de Santa Catarina.</p>

Redação (30/11/06) – Ele chegou à cidade para participar da 18 Conferência da Comissão Regional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para as Américas, mas se esquivou de falar sobre o embargo russo às carnes do Estado.

O representante da Rússia alegou que não estava no Brasil para esse tipo de discussão, mas para participar da conferência que avalia as questões sanitárias dos países das Américas e segue até sábado na capital catarinense.

O próprio governador de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, acreditava que a visita poderia estreitar relações e com isso seria possível conseguir um aceno dos russos para o fim do embargo às carnes de Santa Catarina. O Estado, principal produtor de suínos do país, não vende para a Rússia desde dezembro de 2005, depois do registro de focos de febre aftosa no Paraná e Mato Grosso do Sul.

“Ele se negou a conversar sobre o embargo e disse que o objetivo da viagem não era conversar sobre este assunto”, relatou Roni Barbosa, diretor do serviço de sanidade animal de Santa Catarina. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, disse que também tentou uma aproximação com o russo, mas sem sucesso. “Mas acredito que os discursos positivos sobre o Brasil que ele ouviu aqui podem influenciar nas futuras decisões”. Nepoklonov não deu entrevistas.

Os discursos mais positivos foram principalmente do ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes, que falou sobre o crescimento da produção agropecuária brasileira, e do governador de Santa Catarina, que disse que o Estado vem se preparando para receber o certificado da OIE como área livre de aftosa sem vacinação, pleito previsto para análise em maio de 2007, na reunião anual que ocorre em Paris.

A OIE, organização intergovernamental criada em 1924 para dar transparência à situação sanitária mundial, e não interfere nas relações comerciais entre os países, e nem em conflitos isolados, como este entre Brasil e Rússia.

O representante da OIE para as Américas, Luis Barcos, justificou que a OIE pode ajudar como “mediadora” oferecendo, por exemplo, um informe científico sobre a situação sanitária do país, mas as discussões comerciais, contudo, devem ser levadas à Organização Mundial de Comércio (OMC). O caso Brasil-Rússia, no entanto, não entraria na OMC porque a Rússia ainda não faz parte da organização.

As vendas de carnes brasileiras para a Rússia seguem um acordo bilateral, estabelecido entre os dois países. Esse acordo estabelece um ano de embargo para o Estado que estiver vizinho ao foco.

O ministro Guedes informou que alguns dos locais que tiveram registro de aftosa em 2005, Eldorado, Japorã e Mundo Novo, receberão inspeção da OIE em dezembro, em uma nova missão que a organização realiza no Brasil, Argentina e Paraguai, para avaliar as medidas de controle sanitário. De acordo com ele, o Brasil prepara para 2007 um programa integrado com outros países da América do Sul para no longo prazo erradicar a aftosa do continente. Ele acrescentou que os embarques do agronegócio brasileiro devem somar cerca de US$ 46 bilhões neste ano, sendo US$ 9 bilhões em vendas de produtos de origem animal.