Redação (29/11/06) – Quando o vírus mortal se espalha para países vulneráveis da África e do Oriente Médio, afirmaram especialistas nesta terça-feira, num momento em que a Ásia registrou um novo foco da doença e mais uma morte causada pelo H5N1.
O coordenador da ONU para a gripe aviária, David Nabarro, e a economista do Banco Mundial (Bird), Olga Jonas, disseram que os pedidos de financiamento serão discutidos na quarta conferência global sobre o vírus, que será celebrada em Mali de 6 a 8 de dezembro.
Os especialistas afirmam que são necessários entre US$ 986 milhões e US$ 1,3 bilhão nos próximos dois ou três anos, adicionais aos US$ 1,9 bilhão acertados por doadores na última conferência celebrada em janeiro passado em Pequim.
“Na época de (a reunião em) Pequim, em janeiro de 2006, o vírus ainda não havia aparecido em nenhum lugar da África, Europa oriental ou Oriente Médio”, disse Jonas, acrescentando que hoje há 50 países afetados pela gripe das aves, enquanto em janeiro eram apenas uma dúzia.
“Também estamos preocupados com a capacidade do Oriente Médio e dos países africanos de responder adequadamente à pressão da gripe das aves”, disse, destacando o Egito e a Nigéria em particular.
O encontro internacional de Bamako, organizado em conjunto com o governo do Mali, a União Européia e a União Africana, reunirá ministros da saúde e encarregados da luta contra a gripe aviária, especialistas veterinários e médicos de mais de 100 países. Na África, oito países – Burkina Faso, Camarões, Djibuti, Egito, Costa do Marfim, Nigéria, Níger e Sudão – foram afetados pela doença. Na Indonésia, um dos países mais afetados pela gripe das aves, o ministério da Saúde anunciou a morte da 57 vítima fatal do H5N1: uma mulher de 35 anos.
“A mulher morreu esta manhã à 00h15 (15h15 de segunda-feira, hora de Brasília), no hospital Sulianti Saroso, depois de ser tratada aqui por mais de uma semana”, disse um oficial do centro nacional de informação sobre a gripe aviária. “Agora há 74 casos confirmados, incluindo 57 mortes”, afirmou.
A morte da mulher se segue à de um menino de dois anos e meio, em 13 de novembro. Segundo o centro nacional de informação sobre a gripe aviária, a mulher foi levada para Jacarta de um hospital em Karawang, ao leste da capital, onde foi tratada por mais de uma semana.
Na Coréia do Sul, o governo confirmou nesta terça-feira a presença do vírus H5N1 em uma granja ao sul de Seul, no primeiro surto de gripe das aves que o país enfrenta em três anos.
O ministério da Agricultura determinou o sacrifício em massa dos animais, bem como a manutenção de uma operação que levou ao massacre de 17 mil frangos.
Segundo fontes ministeriais, o vírus foi encontrado em uma fazenda do distrito de Hwangdeung, a três quilômetros de outra fazenda na cidade de Seokmae, onde um outro foco foi detectado na semana passada.
Ambas as fazendas ficam nos arredores da cidade de Iksan, 230 km ao sul de Seul.
Todos os frangos e patos em um raio de 500 metros de Hwangdeung serão sacrificados para evitar que “o vírus altamente patogênico” se espalhe, disse um porta-voz do ministério.
Três postos de controle guarnecidos por oficiais de quarentena e da polícia foram montados em volta da fazenda de Hwangdeung para controlar o tráfego de veículos e pessoas, afirmou. Autoridades sanitárias também vacinaram 151 pessoas em 58 casas situadas em um raio de 500 metros do local.
A Ásia é a região mais afetada pela cepa H5N1 da gripe das aves, onde surgiu, no fim de 2003. Mas desde então a doença, que pode ser transmitida para humanos e é potencialmente fatal, tem se espalhado para o ocidente.