Redação (17/10/06) – Pesquisadores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vão estudar as possíveis rotas migratórias de aves brasileiras na tentativa de impedir a entrada do vírus H5N1, causador da gripe aviária, no País.
Eles apresentaram ontem, em Campinas, o projeto de prevenção da doença na América Latina. Ao menos cinco especialistas das áreas de estatística, saúde e meio ambiente terão de ir a uma base na Antártida para o recolhimento de material genético das aves migratórias. Segundo o diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp, João Frederico da Costa Azevedo Meyer, das pelo menos 60 espécies que fazem rota transantártica, os pesquisadores brasileiros estudarão 15.
Os pesquisadores vão identificar o comportamento das aves, caracterizar suas rotas e descrever as espécies portadoras de vírus, os períodos e locais de maior risco de entrada do H5N1 no País, e desenvolver um modelo matemático e um banco de dados para ajudar na criação de vacinas e identificação de mutações do vírus letal.
Para o diretor técnico da Associação Paulista de Avicultura (APA), José Roberto Bottura, o modelo matemático apresentado pelos pesquisadores é “interessante e pode ser útil para auxiliar o Ministério do Meio Ambiente no controle de aves migratórias”.
Segundo os especialistas, além de preservar a saúde pública, o Brasil tem interesse em se prevenir contra casos de gripe aviária porque é um dos maiores exportadores mundiais de frango. Só o Estado de São Paulo tem ao menos 3,8 mil estabelecimentos avícolas, segundo Bottura.
Há registros de transmissão do H5N1 para humanos desde 1997, em países do sudeste asiático. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 151 pessoas morreram da doença em dez países e 120 milhões de aves foram sacrificadas entre 2004 e 2005.