Redação (11/10/06) – A pesquisadora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Universidade de São Paulo (USP), Luciana Di Ciero ressalta que a expectativa de aprovação é grande, primeiro porque os projetos estão há muito tempo esperando para serem analisados e, segundo porque tecnicamente as novas variedades já passaram por todos os testes solicitados. ”Caso seja aprovado, os produtores de sementes poderão começar a multiplicação ainda nesta safra de 2006/2007”, ressalta. No entanto, a produção comercial das três cultivares de milho com sementes originais só acontecerá na safra de 2007/2008. O pesquisador em genética e melhoramento de plantas, Ernesto Paterniani explica que a biotecnologia é uma grande aliada do melhoramento genético e propicia benefícios diretos tanto para os agricultores, quanto para os consumidores.
Está para ser aprovada a cultivar tolerante ao glufosinato de amônio (herbicida), da Bayer e outras duas resistentes à lagartas, sendo que uma da Monsanto e a outra da Syngenta. Ao todo há 11 pedidos de aprovação que devem ser analisados nesta reunião de outubro. Destas, seis são de milho, duas de algodão, uma de arroz, uma de soja e uma vacina. Segundo Paterniani, atualmente muitos países já usufruem dos benefícios do milho desenvolvido pela biotecnologia, o também chamado de geneticamente modificado (GM). ”Estas variedades apresentam maior competitividade, principalmente considerando a diminuição do número de aplicações de agroquímico. Para o produtor que vive um momento delicado é um forma de baixar os custos de produção”, enfatiza. Segundo Paterniani, a biotecnologia pode ser utilizada para o desenvolvimento de variedades resistentes às pragas e tolerantes aos herbicidas ou que proporcionem melhor aproveitamento de água e nutrientes. ”Para o Brasil e, especialmente, para Mato Grosso, um dos exemplos mais importantes será o emprego do milho tolerante à seca”, ressalta.
O pesquisador destaca que boa parte dos estudos em andamento relacionados ao milho envolve o controle de insetos e tolerância a herbicidas. Muitos destes genes são provenientes do Bacillus thuringiensis (Bt), um microrganismo encontrado no solo de várias regiões do Brasil. Esta bactéria tem sido muito usada como inseticida biológico desde a década de 60 por meio de pulverização dos esporos sobre a lavoura. ”Ela não é toxica para o homem, mas apenas para os insetos-pragas e é amplamente utilizada na agricultura orgânica”, explica. Paterniani adianta que em alguns trabalhos está se testando a incorporação do genes ao cereal para aumentar a estabilidade e a produtividade do milho, por meio de tolerância à seca e da resistência às doenças. Também estão em andamento pesquisas com genes que melhoram a qualidade nutritiva do grão, aumentando o teor de aminoácidos essenciais como alisina.
Outra pesquisa que está sendo feita é o estudo do genes que melhoram a composição de proteínas, aumentando a solubilidade no trato digestivo e a absorção de minerais pelos suínos. ”A mais recente pesquisa é a do isolamento do genes para melhorar a conversão do amido do milho em álcool”, salienta.