Redação (05/10/06)- Uma vacina experimental contra a gripe aviária mostrou-se promissora no combate a várias cepas do vírus em testes clínicos preliminares, disse o laboratório Baxter na quarta-feira.
Segundo a empresa, um estudo com 270 pacientes sugere que a vacina é segura, bem tolerada e pode dar ampla proteção conta o vírus H5N1 para um número maior de pessoas.
O estudo sugere que a vacina poderia ser estocada e usada contra uma possível pandemia de gripe aviária, segundo Hartmunt Ehrlich, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento da divisão de biociências da Baxter.
Ele afirmou também que os resultados apontam para uma proteção contra várias cepas, “o que evidentemente será traduzido em eficácia ampla numa situação pandêmica”.
A gripe aviária é basicamente uma doença animal, mas que já matou 148 pessoas na Ásia desde 2003. Os especialistas temem que o vírus sofra uma mutação que permita seu contágio entre humanos, o que poderia provocar uma pandemia com milhões de vítimas.
A Baxter disse que a vacina em fase de testes é feita usando técnicas à base de células, um novo método que pode levar à produção de grandes quantidades de vacina em menos tempo, o que pode ser vital em caso de pandemia.
Atualmente, os laboratórios usam métodos à base de ovos, o que exige o fornecimento constante de ovos cuidadosamente produzidos e meses de cultivo. O novo método produz as vacinas em laboratórios, em grupos de células chamadas “culturas celulares”.
“Nosso sistema vai nos permitir começar a produção da vacina significativamente antes do que os fabricantes [que usam] ovos,” disse Noel Barrett, vice-presidente da Baxter para pesquisa de vacinas.
Segundo ele, a Baxter é o único laboratório que usa o tipo “selvagem” de vírus, ou seja, o que circula na natureza. Além disso, a empresa usa o vírus inteiro. Outras empresas precisam manipular geneticamente o vírus para torná-los menos tóxicos aos ovos de galinhas e precisam verificar sua segurança antes de produzir as vacinas.
Por causa disso, Barrett estima que a Baxter poderia ter uma vantagem de sete a dez semanas sobre os outros laboratórios, que trabalham com ovos, no caso de pandemia.
De acordo com Ehrlich, o estudo feito com adultos saudáveis na Áustria e em Cingapura sugere que a nova vacina tem os mesmos efeitos colaterais das vacinas contra gripes comuns.
O laboratório pretende iniciar um novo teste, mais avançado, no começo de 2007 e concluí-lo até o final do ano.
Em julho, o laboratório GlaxoSmithKline disse que sua vacina à base de ovo poderá ser produzida em grande escala em 2007. Outras duas empresas –Sanofi-Aventis e Novartis– também trabalham numa vacina contra a gripe aviária.