Redação (03/10/06)- No Glicério (região central), o dono de uma delas diz ter reformado todo o ambiente interno seguindo instruções da prefeitura na esperança de ser autorizado a realizar abates. Conseguiu aval apenas para o comércio de carnes de frigoríficos.
No mesmo bairro, após receber três visitas dos técnicos da Vigilância Sanitária, o comerciante Welington Teixeira Mota decidiu abandonar o abate de aves e passou a vender apenas frango resfriado, comprado de abatedouros do interior. Mota acusa o órgão de não adotar o mesmo rigor com todas as avícolas. Seus clientes migraram para um local próximo que ainda não foi interditado.
De acordo com Andréa Barbosa Boanova, veterinária da subgerência de alimentos da Coordenação de Vigilância em Saúde da prefeitura, faltam funcionários para realizar todas as inspeções em pouco tempo. Segundo ela, caso se comprometam a parar com os abates e atendam aos requisitos para realizar outro tipo de comércio –as avícolas costumam vender também ovos ou ração de animais–, todas podem ser autorizadas a reabrir.
Boanova considera inviável que se tente regularizar o abate em avícolas por conta do alto custo que envolve o atendimento das exigências necessárias. “Eles não querem investir, até porque a maioria dos pontos é alugada”, diz. Entre os requisitos estão a presença de um veterinário, a comprovação de origem e a posse do certificado de vacinação dos animais.
Um único local está autorizada a realizar abates de frango para venda na cidade de São Paulo, segundo a veterinária: a Avícola Centroamericana, que fica na Liberdade (região central). O estabelecimento funciona desde 1965 e conta com a vantagem de ter obtido o selo estadual de inspeção logo que este foi implementado.
Mesmo assim, a rotina do local é diferente daquela adotada na maioria das avícolas: o consumidor não pode escolher o frango quando ele ainda está vivo. O abate é realizado em turnos pré-definidos, pouco depois da chegada dos animais. Segundo um dos responsáveis, um veterinário supervisiona o processo e as vísceras não são misturadas ao lixo comum.
Especialistas ouvidos pela Folha apóiam a idéia de que os avicultores criem uma cooperativa para centralizar os abates realizados na cidade.