Redação (18/09/06)- Faltam pouco mais de três meses para o Natal e um dos pratos principais da tradicional ceia, o peru, já está em fase de engorda nas diversas granjas espalhadas por todo o País. A produção para este período começa com certa antecedência, porque a ave fica entre 25 e 28 dias com os integrados iniciadores e só depois vão para a engorda, onde permanecem por aproximadamente 30 dias. Esse prazo é suficiente para que o peru adquira o peso de quatro a seis quilos, considerado ideal para o consumo interno.
A procura pelo produto nas gôndolas dos supermercados começa em novembro, mas a maioria dos consumidores deixa para fazer as compra próximo à data. A Sadia informou por meio da assessoria de Comunicação que não repassaria números de aves em engorda, período de abate e quantidade que será colocada no mercado, por considerar as informações estratégicas para o negócio.
Antônio Rezende Salgueiro trabalha com avicultura há 20 anos, sete deles como integrado da Sadia e nos últimos dois é iniciador. Ou seja, os perus chegam a sua granja com um dia de nascidos e ficam entre 20 e 28 dias, até atingirem o peso médio de 700 gramas. Depois desse período, as aves são levadas para as granjas dos integrados terminadores, responsáveis pelo processo de engorda.
A granja de Antônio Rezende tem capacidade para alojar 90 mil filhotes. Só hoje devem ser transferidas para os terminadores 30 mil aves. Mas, até chegar nesta etapa, é preciso um cuidado especial, já que o peru é considerado uma ave sensível. O avicultor explica que o manejo deve ser bem-feito, observando a temperatura dos barracões, que deve permanecer entre 32 e 34 graus; qualidade da água, limpeza e alimentação.
Para observar todos esses detalhes, Antônio Rezende tem oito funcionários e, em determinadas épocas, chega a contratar outros quatros prestadores de serviços. Os filhotes de perus já chegam às granjas vacinados, mas, após um determinado período, as aves têm o bico de cima cortado e precisam ser vacinados para ajudar na cauterização. “As cinco primeiras noites são mais críticas e exigem mais atenção”, contou.
Hugney Silva Marquez Junior trabalha com perus há cinco anos e meio e tem uma estrutura que comporta 28,5 mil filhotes. Ele conta que as aves chegam à granja pesando aproximadamente 50 gramas e para atingir o peso ideal até o tempo de transferência consomem 30 toneladas de ração. O integrado confirma que o investimento é alto e o retorno é de longo prazo, entre cinco e seis anos. Segundo Hugney Silva, a empresa é que define quais os integrados serão iniciadores ou terminadores. A escolha é feita baseada na estrutura da granja.
Remuneração por lote
Além das aves, a Sadia oferece ração e assistência veterinária. Os integrados são responsáveis pela estrutura, sendo que cada barracão pode custar entre R$ 100 mil e R$ 150 mil; manutenção (água, limpeza, energia elétrica e equipamentos) e mão-de-obra. A remuneração é baseada na conversão alimentar, ou seja, é feito um cálculo da quantidade de ração consumida e do peso adquirido pela ave.
Mas existem outras variáveis para o pagamento, que é feito ao final de cada lote, entre eles, o percentual de mortalidade das aves, que pode variar entre 4% e 10%. O integrado terminador Guilherme Ghelli, que possui granja no município de Monte Carmelo, diz que o gerenciamento da atividade é fundamental para um bom resultado. Ele possui três galpões de 1,5 mil metros quadrados. A capacidade de alojamento varia de acordo com o sexo da ave. Isto porque os machos são maiores e ficam no processo de engorda durante quatro meses, podendo chegar entre 15 e 18 quilos. Já as fêmeas ficam três meses e pesam cerca de oito quilos.
Guilherme Ghelli conta que, em quatro anos de atividade, nunca pegou lotes para o Natal, que geralmente ficam menos tempo na granja. Segundo ele, é a própria Sadia que faz todo o planejamento da atividade. O integrado Fernando Leite possui granja em Araguari e é professor universitário. Ele é integrado há dois anos e não soube precisar se é possível sobreviver apenas com os rendimentos do negócio.
A granja de Fernando Leite tem capacidade para 13,5 mil perus. Ele conta que quinta-feira vai sair um lote para abate e, na próxima semana, outros dois. Segundo Fernando Leite, as aves estão pesando entre 17 e 20 quilos e devem ser exportadas ou comercializadas em partes (peito, coxa, sobrecoxa) no mercado interno.