Redação (01/09/06)- O Ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, frustrou a expectativa dos produtores de soja no Rio Grande do Sul. Guedes disse na Expointer que é contra a liberação do uso de sementes transgênicas que não sejam comercializadas pela indústria.
O ministro chegou ao Parque de Exposições Assis Brasil às 15h30min, onde participou do lançamento de novas tecnologias da Embrapa, entre elas um banco de dados sobre as exportações do agronegócio, o AgroStat. A pauta mais importante do dia, entretanto foi uma reunião com os agricultores.
O encontro com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag/RS) teve como assunto a soja transgênica. O setor quer que o governo autorize a utilização pelos produtores rurais de sementes próprias no plantio da safra de soja, e não apenas o grão certificado pelas indústrias.
O impasse sobre o plantio de soja se repete a cada safra desde 2004, quando os gaúchos assumiram que já plantavam o grão transgênico. Tradicionalmente o produtor separa uma parte dos grãos colhidos para usar como semente na safra seguinte, e assim deixa de comprar a semente certificada pelas indústrias. O problema em relação à soja geneticamente modificada é o fato de que a biotecnologia empregada na obtenção da semente é patenteada pela indústria, estando sujeita à cobrança de royalties.
Os agricultores argumentam que faltam sementes certificadas para atender a toda a demanda no Estado, fato combatido pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas. Conforme Ywao Miyamoto, presidente da Abrasem, pode até haver sobra de sementes certificadas no Estado.
Partindo de uma previsão de produção de 166.307 toneladas de sementes, mesmo com uma quebra de 20%, chegaremos a um volume de 133.045 toneladas, uma oferta que atenderá de sobra as necessidades dos agricultores do Rio Grande do Sul. Como até este momento os agricultores gaúchos adquiriram apenas 33 mil toneladas de sementes certificadas, ainda existe uma oferta de 100 mil toneladas de sementes à disposição deles. É muito estranho que eles reclamem de falta de sementes certificadas enfatiza.
O ministro prometeu dar uma resposta final sobre o assunto até esta sexta, mas declarou que o uso de sementes próprias não é recomendada pelos técnicos.
Há análises que mostram claramente a queda da produtividade da soja no Rio Grande do Sul. Ou seja, usar sementes não certificadas resulta em prejuízos para os produtores rurais, e em conseqüência para toda a sociedade.
Uma das medidas em estudo é o sistema troca-troca com a participação da Conab. Seria uma forma de retirar do mercado o produto considerado pirata e legalizar a situação do agricultor. Mas a Fetag, entidade que representa 200 mil plantadores de soja no Rio Grande do Sul, é contra esta medida. A Federação afirma que a Conab não tem estrutura suficiente para resolver o problema antes do início do plantio, em 30 dias.