Redação SI (18/08/06)- Mal os leitõezinhos nascem em uma granja da Cooperativa dos Suinocultores de Encantado (Cosuel) e Marli Back e Adelaide Heberle já os pegam para dar início à rastreabilidade. Aplicam uma tatuagem e dão pequenos cortes nas orelhas, identificando assim a unidade e a semana nas quais nasceram. São marcas que levarão para o resto da vida, junto com um número, relativo ao lote ao qual pertencem, que receberão ao ser embarcados para a creche, segunda etapa do processo de criação.
O sistema criado pela Cosuel e concluído no final de junho permite o acompanhamento da vida dos suínos desde o nascimento até o abate. A cooperativa foi a primeira a formatar um modelo de rastreabilidade de acordo com parâmetros estabelecidos pelo Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul. A esperança é de que esse processo passe a ser chancelado pelas autoridades sanitárias, já que hoje não existem regras oficiais para identificação suína. Indústrias e governo federal ainda debatem a criação dessas normas.
A tendência é de que o governo faça apenas a certificação dos processos adotados pelas empresas explica Jurandi Machado, diretor da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína.
Se o sistema serve para a agroindústria, é bom que sirva para as autoridades sanitárias também diz o superintendente da Cosuel, Carlos Alberto Freitas.
Após receber a tatuagem, a mossagem (cortes na orelha) e o número de rastreamento, os lotes de suínos passam a ter todos os passos acompanhados. Dados sobre movimentação, com informações inclusive sobre o transportador, alimentação e manejo são registrados no banco de dados informatizado. Esse é um processo exigido pelos mercados mais qualificados, porque permite identificar a origem de eventuais problemas sanitários, que então podem ser combatidos.
Nas granjas, esse processo significa apenas um pouco mais de cuidado. Para o casal Ildemar e Natália Haberkamp, suinocultores na localidade de Fazenda Lohhmann, em Colinas, a adaptação foi simples e consistiu na implantação de duas medidas: a numeração das baias dos leitões e a manutenção de um livro no qual devem anotar informações sobre os lotes.
É só um serviço a mais, mas vem para o bem, porque com o livro a gente poderá conferir, daqui a um, dois anos, tudo o que entrou e que saiu (da propriedade). Aumentou o nosso controle diz Ildemar.
Hoje, a Cosuel tem 134 mil suínos rastreados a campo. A intenção é chegar a 2010 com 250 mil. O rebanho gaúcho é composto de cerca de 4 milhões de animais.