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Sadia contatou executivos da Perdigão antes de anunciar oferta pública

<p>O executivo da Sadia comentou que não é de hoje que as empresas nutrem o sonho da união, uma vez que essa possibilidade foi aventada várias vezes nos últimos anos.</p>

Redação (17/07/06) – O presidente do conselho de administração da Sadia, Walter Fontana, disse hoje ter conversado na noite de ontem, antes do anúncio da oferta pública de aquisição de ações da Perdigão, com o presidente da empresa, Nildemar Secches, e com o presidente do conselho de administração, Eggon João da Silva, para comunicar a intenção da companhia. De acordo com Fontana, a conversa foi cordial, porém Secches disse que o assunto terá de ser tratado pelos acionistas.

Fontana disse também que conversou com o diretor de Participações da Previ – principal acionista da Perdigão, com 15,3% dos papéis -, Renato Chaves; com o presidente da Petros, Wagner Pinheiro; e com representantes dos fundos de pensão Sistel e Valia. “A reação foi de um acionista que recebe uma oferta”, brincou Fontana, sem detalhar a receptividade da proposta.

O diretor de Relações com Investidores da Sadia, Luiz Murat, reiterou que o valor proposto pela aquisição das ações da Perdigão é compatível com o valor econômico da empresa. Segundo ele, o múltiplo embutido na proposta, de 9,2 vezes (valor de mercado + dívida líquida / Ebtida), é superior a operações fechadas no mercado internacional na área de alimentos nos últimos anos, que foi de 6,7 vezes. Ele comparou também com o recente negócio entre Cargill e Seara, cujo múltiplo foi de 5,3 vezes.

Murat comentou ainda que o valor ofertado pela Perdigão, considerando as cotações de sexta-feira, representa 5% mais do que valia a própria Sadia, sendo que a empresa fatura 40% mais e tem um Ebitda 37% maior.

Os executivos reiteraram que um dos grandes objetivos da compra é formar uma grande empresa nacional com capacidade para competir internacionalmente e, ao mesmo tempo, evitar a entrada de players estrangeiros que já manifestaram interesse pelo Brasil, dado o inquestionável potencial do agronegócio nacional.

Murat explicou que o maior ganho de sinergias ocorrerá nas atividades fora do Brasil, pois internamente as empresas são consideradas bastante enxutas, com despesas administrativas inferiores a 1% da receita bruta, o que, segundo ele, é um benchmark internacional.

O diretor da Sadia esclareceu que, se a aquisição for confirmada, a empresa pretende realizar uma alteração no endividamento, a fim de reduzi-lo. Alguns instrumentos estão sendo cogitados como emissão de debêntures, contrato de pré-pagamento de exportações, empréstimo de commercial paper e chamada de capital, que pode incluir lançamento de ações.